A luta contra o machismo não é um argumento que cabe só as mulheres. Cabe principalmente aos homens, aqueles que lutam diariamente contra a naturalização do machismo. Desde que o mundo é mundo que isso existe, mas hoje já há informações suficientes e inúmeras ferramentas para evitar que os abusos masculinos interfiram na vida de qualquer mulher.
E, neste momento em que vivemos uma situação totalmente atípica, de isolamento social por conta do coronavírus, nos deparamos com um mundo à nossa volta totalmente novo, adentrando a rotina do vizinho e o estreitamento de relações via redes sociais. E essa situação de confinamento tem sido um dos efeitos colaterais da pandemia. Países como China, França, Itália e no Brasil tem apresentado significativo aumento no registro de violência doméstica e isso pede um clamor para que a própria classe masculina não ficar calada a flagrantes que rolam a toda hora nas vizinhanças da vida.
A pesquisadora Érika Andreassy, do Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos), pontua que “só nos primeiros 20 dias das medidas de quarentena, de 24 de março a 13 de abril, São Paulo registrou aumento de 29% de pedidos de medidas protetivas e de 51% nas prisões em flagrante por violência doméstica, além disso, foram 16 casos registrados de feminicídio em São Paulo, isso representa uma taxa de 72% de aumento”.
Para a pesquisadora a situação é preocupante, tendo em vista que o Brasil é o quinto país com maior índice de feminicídios num ranking de 83 nações. “A violência doméstica não começa com a pandemia, tem a ver com a naturalização do machismo, ou seja, com a questão cultural dos homens acharem que têm o domínio sobre a vida e as decisões das mulheres, o problema é que é exacerbada neste contexto de isolamento, porque muitas vezes a violência é materializada dentro de casa”, destacou Érika.
Para Érika, há um descaso do poder público no combate à violência contra as mulheres. “Os primeiros países que foram acometidos pela pandemia e que viram o aumento deste índice tiveram medidas para proteger as vítimas de violência doméstica. No caso do Brasil, tivemos um tempo para o país se preparar e, mesmo assim, não há nenhuma medida efetiva para o momento, isso demonstra o descaso dos governos”, ressaltou a pesquisadora.
Precisamos sim de medidas do governo para tentar combater esses crimes. Mas, nós homens, temos de fazer nossa parte. “Denuncie um macho escroto”, “190 para o boy lixo”. Era esse tipo de campanha que devíamos ver com homens denunciando homens. Não precisamos de uma mulher ferida ou com medo para isso. A gente precisa é entender que todo mundo é igual nesse trem da vida e devemos defender uns aos outros de qualquer tipo de abuso. Não há espaço para violência doméstica nessa pandemia. E só deve existir espaço para homem que bate em mulher dentro da cadeia.
Da Redação, com o Anti Machista