A pandemia tem potencializado muita coisa ruim que já existia no Brasil. Fome, desemprego, violência doméstica, a burrice do presidente e a falta de empatia dos bolsominions.
Outra coisa que potencializada foi a capacidade dos boy lixo em se superarem. Sim, porque não é uma simples pandemia com milhões de mortes pelo mundo e mais de 11 mil só no Brasil que vai acabar com essa instituição.
E a insistência de alguns homens parece ignorar a ciência, os dados e todos as recomendações de autoridades de saúde como a OMS quanto ao assunto.
R., 31, viveu uma situação desagradável com um ficante. “Eu estava com ele havia uns meses e a gente estava indo super bem, eu estava gostando muito dele. Só que ele me falou que estava ficando com outras pessoas, o que me fez um pouco mal. Daí chegou a quarentena e a gente não se viu mais”, diz a publicitária, que prefere não se identificar.
Ela conta que, com ele, a conversa por Whatsapp não evolui. “Quando a gente se fala, é ele insistindo para eu ir na casa dele. Isso me irrita muito, porque o argumento dele é ‘não vai dar nada, a mídia está exagerando’. Mas a minha mãe é grupo de risco, e ele ignora minha preocupação”, conta ela.
“Não gostei do tom dele, de gente burra que parece que não está vendo o jornal. Ele parou de me procurar e a gente está sem se falar”, diz ela, que também lamenta o sumiço porque, apesar de não querer encontrá-lo, está carente. Amiga, melhore. Antes só que mal acompanhada
A terapeuta de casais Denise Figueiredo afirma que falta empatia a homens que fazem esse tipo de proposta. “Ele está ligado apenas a ele e a seu desejo. Cabe ao outro avaliar se isso basta. Para uma pessoa que está carente, eu diria mais: será que um parceiro que está tão ligado apenas em si mesmo vai conseguir suprir algo em você? Talvez esse encontro acabe até reforçando ou ampliando a sensação de solidão. Porque muitas vezes encontros com pessoas que só pensam nelas reforçam espaços de vazio e carência”, explica a especialista.
Já a consultora Juliana Espíndola, 31, sentiu que sua boa vontade para ajudar um contatinho estava sendo manipulada.
“Na quarentena, um menino com quem eu fiquei há um tempo mandou mensagem querendo me encontrar. Ele se dizia triste e mal por estar sozinho, disse que tava muito solitário. Eu fiquei preocupada, mandando mensagem, porque a gente não sabe como cada um vive o isolamento”, conta ela.
Juliana percebeu, entretanto, que ele não precisava de atenção, mas de sua presença na casa dele. “Eu sou asmática, não tem como ficar saindo por aí. Ele começou a forçar a barra, dizendo que estava muito envolvido na história e eu não.” Ela conta que não foi o único ex-casinho a manifestar saudade repentina e muita vontade de estar junto bem em meio à quarentena.
“Nesses casos, há uma manipulação, em que se usa de artifícios para ter os desejos realizados. Essas pessoas se comportam como bebês chorões, que usam dessa manipulação porque de alguma forma na história de vida deles, isso funcionou”, analisa a terapeuta.
Ela faz um alerta para quem está do outro lado da história — nos dois casos relatados aqui, as mulheres. “Quando há esse tipo de manipulação, se a outra parte cede, também demonstra uma desconexão de si com os próprios propósitos e muita vulnerabilidade. Ela faz por que quer essa aceitação do outro”, explica.
A social media Daniela Freire, 26, conta que um homem com quem ela estava ficando se tornou monotemático na quarentena: a cada contato, o único assunto era pedir que se encontrassem para transar.
“Eu conheci esse boy no final de 2019 pelo Tinder. Ficamos este ano e o papo era bom. Saímos umas três vezes, transamos, e sempre conversamos tranquilamente. Começou a quarentena e veio a carência do pênis! E só recebo ‘Nossa, só queria transar com você nessa quarentena'”, diz ela, que tentou falar de outros assuntos e sugeriu dates online, sem sucesso.
Ela conta que ele mora com dois filhos pequenos, e chamou sua atenção a despreocupação dele com a saúde dos filhos. “Eu disse que não dava para me expor e expor outras pessoas só para transar. O que eu queria mesmo era sair pra ir ver a minha mãe”, conta ela, que riscou o crush da lista.
Então, meninas, se vocês estão passando por uma situação parecida, sigam os conselhos da terapeuta e lembrem-se: a pandemia vai passar, falta de sexo pode ser resolvida sozinha e poucas coisas são tão prazerosas do que dar um fora num boy lixo. Se cuidem e fiquem em casa!
da redação, com Universa