A advogada Luciana Póvoas, esposa do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), acusou o marido, Leonardo Campos, de violência doméstica. Em depoimento na Delegacia da Mulher, Luciana afirmou que costumava usar vestidos e roupas longas para esconder as marcas das agressões físicas.
Segundo ela, a violência se deu após ela tentar ter notícias do marido, das 17h às 20h da quinta. Segundo Luciana, Leonardo não atendia ou respondia às mensagens. A advogada se desesperou quando abriu as mídias sociais e leu sobre o roubo de uma Hilux prata, pensando ser do marido
Pensei que tinham sequestrado, roubado o carro e feito algo com ele. Meu filho ainda usou meu celular para pedir notícias dele. Ele [Leonardo] apareceu em casa dez minutos depois, transtornado e bêbado — algo a que já estou acostumada”, afirma.
A vítima afirmou que, quando questionou o marido sobre a falta de notícias, ele se alterou e a empurrou. Cansada, ela decidiu revidar com um tapa nas costas.
“Foi forte, mas disse que não iria mais engolir [as violências]. Já tinha avisado da última vez que, na próxima, iríamos todos pra delegacia. Liguei no 190 e foi isso que aconteceu.”
Leonardo, segundo Luciana, pegou o celular e começou a filmar a situação, dizendo que a mulher era “louca, descompensada e desequilibrada”. Ela conta que os episódios de embriaguez eram constantes, mas pioraram quando o marido conseguiu se eleger presidente da OAB-MT pela primeira vez, em 2015.
“Sempre foi assim [as agressões psicológicas, físicas e embriaguez]. Não de segunda a segunda, não bebia dessa forma, bebia na quarta quando ia jogar futebol, tinha as resenhas dele”, ela relata. “Há quatro anos a coisa degringolou. Ganhou a eleição e todo mundo quer ficar perto do presidente.”
Luciana e Leonardo estão se divorciando e ela afirma que teve uma solicitação de pensão alimentícia
negada. O casal tem um filho de 17 anos e ela desabafou sobre não ter condições financeiras para se restabelecer sozinha.
Em nota, o advogado Leonardo Campos reconheceu que houve uma discussão, mas negou ter agredido a mulher. “Houve um desentendimento e uma discussão que envolveu, inclusive, o meu filho. Mas eu disse que aquela situação, de discussão acalorada, era inaceitável e fui para o quarto. Neste momento, ela me empurrou e eu tentei fechar a porta para não prolongar a discussão”, relatou.
Casos de violência doméstica são cruelmente parecidos. O ciclo de violência é praticamente o mesmo. Alguns desses casos são tão familiares que geram ainda mais desconforto quando se tem conhecimento.
O roteiro de Luciana me lembrou pelo menos 4 amigas e conhecidas que viveram situações incrivelmente similares.
Mulher de classe média, branca, com alto nível de escolaridade, que apresenta nas redes sociais (digitais e reais) o modelo de família ideal. Vivem num ciclo de abuso psicológico constante que as levam ao limite da sanidade, mas que as mantém caladas por viverem em dependência econômica.
É fato que a violência doméstica não faz distinção de classe social, cor ou nível de escolaridade.
da redação, com Universa