Uma coisa que gostamos é quando as pesquisas oficiais corroboram com aquilo que já sabíamos.
Em pesquisa divulgada nesta quinta-feira (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ficou provado que sim, as mulheres ficam com o serviço doméstico mais pesado, e isso impede que tenham mais tempo para o trabalho remunerado.
A carga horária semanal das mulheres empregadas ou com trabalho informal tem 5,1 horas a menos do que os homens. Somando a jornada dupla em casa, porém, elas trabalham 3 horas a mais por semana.
A pesquisa usa dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar) para identificar outras formas de trabalho realizadas pelos brasileiros, como afazeres domésticos, cuidado de pessoas, produção para consumo próprio e voluntariado.
O estudo ainda grandes desigualdades regionais na distribuição das tarefas do lar: nas regiões Nordeste e Norte, as diferenças entre homens e mulheres que declararam cuidar da casa eram de 13,7 pontos percentuais e 13,5 pontos percentuais, respectivamente. No Sul, foi de 9 pontos percentuais.
Os resultados divulgados nesta quinta confirmam tendência verificada nos dois anos anteriores, quando a crise econômica obrigou os homens a participar mais ativamente das tarefas domésticas. O movimento, que foi mais intenso entre 2016 e 2017, pode refletir a dificuldade das famílias para manter empregada doméstica.
Em 2019, diz o IBGE, 149 milhões de brasileiros (ou 87,1% da população com 14 anos ou mais) disseram ter realizado alguma atividade doméstica ou cuidado de pessoas no domicílio em que moram ou na casa de parentes. Em média, gastaram 16,8 horas semanais nessas atividades.
A desigualdade de gênero foi verificada nas duas funções: 92,1% das mulheres disseram realizar afazeres domésticos e 36,8% cuidaram de pessoas em casa ou na casa de parentes; entre os homens, foram 78,6% e 25,9%, respectivamente.
Entre as atividades pesquisadas pelo IBGE, as mulheres continuam responsáveis pela parte mais pesada, como cozinhar, limpar a casa, auxiliar nos cuidados pessoais, como alimentar, vestir e dar banho, e nas atividades educacionais dos filhos.
A divisão de tarefas só se equilibra em atividades como cuidar da organização do domicílio, como pagar contas e contratar serviços, fazer companhia, brincar e transportar os filhos. A única função em que mais homens disseram ter feito é cuidar de pequenos reparos do domicílio automóvel ou eletrodomésticos.
Com mais funções dentro de casa, diz o IBGE, a mulher que divide seu tempo entre o emprego e as funções domésticas tem carga horária semanal de 53,3 horas, contra 50,3 horas do homem em mesma condição. entre os desempregados, a mulher dedica a tarefas do lar o dobro do tempo dedicado pelo homem.
“Ainda que taxa de realização [de tarefas domésticas] dos homens esteja aumentando, número de horas dedicadas pelas mulheres aumenta também”, disse a analista de Trabalho e Rendimento do IBGE, Alessandra Brito.
A pesquisa mostra que a participação do homem nas atividades domésticas cresce de acordo com a escolaridade. Entre os que têm ensino superior completo, 30.3% disseram ter ajudado em casa. Já entre os sem instrução, o percentual é de 21,3%.