Morte de criança em Recife expõe abismo de desumanidade entre patrão e empregados

By 5 de junho de 2020Brasil

A tragédia aconteceu ontem, 03 de junho.

Protestos pelo mundo contra o racismo. No Brasil, o mantra atual é Vidas Negras Importam. O roteirista do filme chamado Brasil perdeu qualquer controle.

Mirtes Renata é empregada doméstica na grande Recife. A patroa pediu que ela voltasse ao trabalho. Sem ter com quem deixar o filho pequeno, levou a criança.

Já na casa da patroa, que estava fazendo as unhas com uma manicure, Mirtes teve que levar o cachorro da madame pra fazer cocô na rua, e o filho, Miguel Otávio Santana, de apenas 5 anos, ficou na casa, junto com a patroa e a manicure.

Miguel começou a chorar pela mãe. Impaciente, a patroa levou o menino até o corredor, chamou o elevador e deixou que a criança se virasse. Ele entrou, apertou vários botões e chegou ao nono andar (o apartamento em que ele estava era o 5°). Miguel saiu e encontrou a casa de máquinas. Subiu numa pequena mureta de cancelas, viu a mãe na rua, tentou subir um pouco mais, e caiu.

Imagens do circuito interno do prédio mostram Miguel sozinho no elevador

Ele foi socorrido pela mãe e por um médico que mora no prédio. Foi levado ao hospital mas não resistiu.

Grade de alumínio ficou com aleta quebrada, segundo a perícia técnica que investiga morte de menino — Foto: Reprodução/WhatsApp

Os grandes veículos de comunicação NÃO informaram o nome da patroa. Ela foi presa em flagrante, foi autuada por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), pagou fiança de R$ 20 mil, foi liberada e agora vai responder o processo em liberdade.

Por meio de informações de um blog de Pernambuco, o Paraíba Feminina encontrou o nome da patroa. Sarí Gaspar Côrte Real, casada com o prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker.  As informações estão nesse link.

Ainda segundo imagens divulgadas, Sarí Gaspar e Sérgio Hacker chegaram a aparecer no velório da criança, e foram rechaçados por familiares.

Vidas negras importam. Mas para quem? Uma patroa que chamou a empregada de volta, e que no meio de uma pandemia, chamou a manicure também. Uma criança que chorou pela mãe.
Não foi só negligência. Foi muito mais que isso, foi um crime com proporções terrivelmente absurdas e inimagináveis. Enquanto o mundo se volta contra os crimes de racismo, o Brasil continua assistindo as vidas negras se esvaírem.

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