Sigam esta sequência:
No dia 3 de maio, um deputado estadual da Paraíba, ao lado de assessores, invadiu o Hospital Solidário, em João Pessoa.
Já em 27 de maio, deputados invadiram, aos gritos, o Hospital de Campanha de São Gonçalo, no Rio de Janeiro.
E em 4 de junho, cinco deputados estaduais invadiram o Hospital do Anhembi, em São Paulo.
Além de invadirem hospitais que são referência no atendimento e tratamento de pacientes com Covid-19, outra coincidência chama atenção: todos os parlamentares são do PSL, ou alinhados com a agenda do partido.
Na Paraíba, Cabo Gilberto. No Rio de Janeiro, Fillipe Poubel. E em São Paulo, a comitiva contava com os deputados Leticia Aguiar (PSL), Adriana Borgo (Pros), Marcio Nakashima (PDT), Coronel Telhada (PP) e Sargento Neri (Avante).
Na noite da última quinta-feira (11), em mais uma de suas lives (já que não tem condições de falar ao vivo com a imprensa), o presidente Bolsonaro pediu a apoiadores que “arranjem” um jeito de entrar em hospitais públicos ou de campanha que atendam pacientes com a Covid-19 para filmarem o interior das instalações. A ideia, segundo ele, seria mostrar a real dimensão da epidemia causada pelo novo coronavírus. Mais uma vez sem provas, Bolsonaro levantou suspeitas de que os dados referentes à doença no país estariam sendo manipulados para atingir o seu governo.
O fato é que os apoiadores do presidente já invadiram hospitais, entrando em área considerada de risco, expondo pacientes, médicos e enfermeiros, e extrapolando os limites do respeito e da ética.
Quem veio antes, o ovo ou a galinha? É fato também que a extrema-direita-reacionária tem um poder de mobilização bem aperfeiçoado, disso não temos dúvidas.
Bolsonaro está preocupado que o coronavírus seja uma armação para atingir seu governo.
Sim, uma doença que matou 280 mil pessoas pelo mundo, que esvaziou o Vaticano, que adiou as Olimpíadas de Tóquio, que deixou metade dos alunos do mundo sem aulas (dados da Unesco) e que só no Brasil tirou a vida de mais 41 mil pessoas, foi criado especialmente com a única e exclusiva função de atingir seu governo.
É o que os seus ainda 30% de apoiadores acreditam. E é deles que devemos nos precaver. Eles são ainda mais perigosos que o vírus, e do que o próprio presidente.
Taty Valéria