O dia dos Pais ainda é mês que vem, mas os últimos acontecimentos mostram que o complexo de Electra é um assunto que precisa ser tratado e deixado como legado para que as relações entre pais e filhas precisam ser melhor trabalhadas.
Mas vamos começar por partes: Quem é Electra?
Na mitologia grega, Electra, a filha do rei de Micenas, traça um plano afiado, junto com seu irmão Orestes, para vingar a morte de seu pai, matando sua própria mãe e a amante dele. Esta história e sua simbologia inspiraram o psicólogo suíço Carl Jung a enunciar uma das teorias mais conhecidas sobre o desenvolvimento psicossexual das meninas: o complexo de Electra. Jung foi o primeiro a fazer uso desta figura mitológica, a qual lhe serviria em 1912 para definir a fixação precoce das meninas por seus pais.
Teorias da psicanálise à parte, a grande pergunta é: o que tem isso a ver com os últimos acontecimentos?
Então vamos lá.
Ontem o Brasil acordou e, antes mesmo de conseguir tomar café, foi bombardeado com a notícia de que o Queiroz, aquele mesmo, havia sido preso. Como o roteirista da série “Brasil” não faz mais nenhuma questão de manter qualquer resquício de sanidade, Queiroz estava há mais de um ano num sítio em Atibaia. Pra tudo ficar melhor, só falta o Flávio Bolsonaro ser preso num tríplex no Guarujá, mas isso é outra história.
No desenrolar do dia, fatos novos apareceram, e chegamos à Electra.
Heloísa de Carvalho, filha do escritor Olavo de Carvalho, foi até a casa de onde Fabrício Queiroz foi levado preso. Ela posou em frente ao local com uma taça suco de laranja para celebrar a prisão do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O deboche, minhas amigas, ele é ilimitado.
À CNN Brasil, Heloísa disse que já sabia do paradeiro de Queiroz desde o ano passado. Ao que tudo indica, Heloísa foi uma das pessoas que informaram à polícia onde o Queiroz estava. A filha do grande guru e mestre do presidente Bolsonaro.
Outra filha, e dessa vez a do Queiroz, também deu sua contribuição. Numa mensagem de whatsapp para a madrasta, Nathália Queiroz, afirma categoracamente: “Meu pai não cansa de ser burro né?”
“Ele continua se achando o cara da política. Então, assim, parece que ele gosta do holofote, de estar no site, de aparecer. Não é possível – afirmou ela. – Antes eu tinha (pena). Agora não consigo porque isso daí é toda hora que eu vejo é ele falando de política, é ele falando negócio de vaga”.
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Nathália constou como assessora de Flávio Bolsonaro entre 2007 e 2016. Depois, foi nomeada no gabinete do então deputado Jair Bolsonaro e de lá foi exonerada na mesma data que o pai em outubro de 2018. Em todo esse período, Nathália atuava como personal trainer. Ela nunca teve crachá na Alerj.
No fim do dia, um presidente em aparente estado de choque que não conseguia articular direito as palavras tentava, sem êxito, se explicar. No carcadinho do Palácio da Alvorada, a ausência do mito foi sentida por dois dias seguidos. O mito se derrete, moral e fisicamente.
Ontem não foi o dia do Queiroz, nem do Flávio, nem do Jair, nem do Olavo.
Mas talvez tenha sido o dia de refletir sobre relações paternais.
Taty Valéria