Já falamos aqui e reafirmamos: as enfermeiras estão levando esse país nas costas.
Monaliza Oliveira, de 31 anos, é outra prova que, não fosse o trabalho dessas profissionais, o Brasil estaria em pior situação em relação á pandemia do coronavírus.
Seja no lombo de um jumento, mula ou cavalo, Monaliza consegue chegar aos cantos mais remotos do município de Boa Vista do Tupim (BA), na Chapada Diamantina. Sem o risco de ficar presa nos atoleiros durante a temporada chuvosa, como às vezes acontece com alguns colegas quando utilizam os veículos da prefeitura local, a enfermeira é um exemplo de amor à profissão e senso de saúde coletiva.
De acordo com o boletim da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, divulgado em 16 de junho, Boa Vista do Tupim havia registrado apenas 4 casos confirmados em meio a uma população de pouco mais de 18 mil habitantes.
Enfermeira há oito anos, Monaliza se desloca por quase uma hora de carro, desde o posto de Saúde da Família onde trabalha na sede do município, para realizar trabalhos preventivos no assentamento Aliança e na comunidade Trezentas, onde recorre aos transportes alternativos.
“A gestão municipal oferta veículos aos profissionais de saúde, mas os carros só chegam até certo ponto. Então, para dinamizar o atendimento, seja para aplicar uma vacina ou entregar kits com equipamentos de proteção contra o coronavírus, recorro a meios alternativos”, afirma a enfermeira.
O pacote organizado pela prefeitura contém máscaras reutilizáveis, além de álcool em gel para higienizar as mãos. “Os kits são acompanhados de orientações sobre como lavar as máscaras adequadamente e como se comportar nesse momento de pandemia”, diz.
A habilidade de montar equinos vem desde os tempos de infância, quando saía do sítio da avó paterna para ir à feira na cidade, distante 4 km. Nas redes sociais, a enfermeira também costuma postar fotos no lombo dos equídeos.
Segundo conta, o meio de transporte animal é comum tanto na sede do município quanto na zona rural, mas o que chama atenção dos moradores, frisa, é o fato de uma profissional de saúde utilizar esse recurso para atender aos pacientes.
“É uma opção minha, pois tem muito a ver com meu próprio jeito de ser, de garota criada no interior”, afirma. “No trabalho, quando não uso o animal, pego carona de moto com algum colega ou vou a pé mesmo, para agilizar o atendimento onde o carro não chega.”
A cada visita às comunidades, Monaliza costuma posar para fotos com os moradores da roça, nome comumente utilizado para descrever as localidades que ficam afastadas do perímetro urbano das sedes dos municípios na Bahia.
“Para os moradores, é comum ver pessoas montadas em jegues. A surpresa é ver uma enfermeira se propor a isso ou andar numa moto ou ir a pé com uma caixa de vacina na cabeça, para realizar um trabalho pelo qual sou apaixonada”, afirma.
A inspiração para exercer a profissão veio da mãe, enfermeira aposentada após 35 anos de serviço, que também influenciou mais uma filha a atuar na área de saúde. No total, Monaliza conta que tem quatro irmãos, somados aqueles por parte de pai.
“Minha mãe trabalhou muito, aqui mesmo em Boa Vista do Tupim, mas a gente se mudou para Feira de Santana (segunda maior cidade do estado), porque ela queria me proporcionar uma educação melhor. Lá, me formei e retornei para trabalhar aqui no município.”
Lute como Monaliza!
da redação, com Folha – UOL