Quando eu tinha por volta dos 7 anos, lembro de ter visto na casa da minha bisavó, sua empregada doméstica pendurando paninhos brancos no sol, pra secar. Anos depois, descobri que eram usados como absorvente. Lembro de ter pensado “quem usaria panos ao invés de absorvente? Que loucura?”
Assim como as ideias e conceitos mudam ao longo do tempo, os paninhos, tão discriminados, agora são os queridinhos das mulheres. Além da questão de preservar o meio ambiente, uma vez que o absorvente descartável pode demorar de 100 a 500 anos para se decompor, os paninhos são anti alérgicos e à médio prazo, representam economia em dinheiro.
A empreendedora Lais Camargo, da Fantástica Loja de Encantos, comercializa duas marcas diferentes de absorventes de pano, que custam R$ 25 a unidade.
“Uma é feita de tricoline por fora, impermeável, moletom, para absorver, e dry fit, que em contato com a pele tem a sensação de toque seco. A outra é de lycra, impermeável, moletom, para absorver, e melton, que em contato com a pele da sensação de toque semisseco”, explica.
Lais vende há três anos tanto o absorvente de pano quanto o coletor menstrual, esse feito com silicone. “Eu sempre tive muita alergia. Era um pacote de absorvente e um hipoglós todo mês.
Quando fiz intercâmbio, em 2007, uma atendente de um supermercado nos Estados Unidos me mostrou o coletor menstrual. Eu amei”, conta.
A auxiliar contábil Thalita Gomes Galvão, 30 anos, é uma das adeptas do coletor e do absorvente de pano. “Eu comecei com o coletor há 4 anos. Só que há um ano estou usando somente o absorvente de pano, pois tirei uma ferida do útero e estou aguardando o retorno para ver se está totalmente cicatrizada, para optar de vez em quando pelo coletor”, explica.
Thalita conta que experimentou dois coletores até optar por um. “Testei e me apaixonei por um. É uma coisa tão boa que você indica para todas as amigas. Superprático. Mesmo eu tendo um fluxo intenso, quando eu comecei a usar, ficava as 8 horas de serviço sem transbordar. Mas sempre esvaziava uma vez para garantir, coisas de mulheres que sempre mancham as roupas”, ressalta.
Thalita conta que após a cirurgia decidiu experimentar o de pano. “O que mais temia. Foi amor à primeira vista. Amo demais o de pano, superconfortável, e o melhor, não assa”, frisa.
Outro queridinho é o coletor menstrual. Feito de silicone, é basicamente um copinho hipoalérgico e antibacteriano, maleável e ajustável ao corpo. Ao contrário do absorvente interno, que é colocado no fundo do canal vaginal, o coletor é inserido na entrada da vagina.
Para higienizar entre os usos, o ideal é lavar com água e sabão. Antes do início do ciclo e após o ciclo menstrual, é aconselhável a esterilização em água fervendo. Em média, o coletor pode ser encontrado a partir de R$ 50, e há várias marcas disponíveis no mercado.
Quem aderiu ao coletor menstrual foi a empresária Tauana Montier Onça Bortolini, 37 anos. “Comecei a usar o coletor porque eu realmente procurava uma alternativa sustentável”, disse.
Tauana explica que tinha uma certa resistência em experimentar o coletor menstrual, por medo de o produto ser desconfortável ou não ter o efeito prometido. “Até que resolvi pagar para ver. Como eu vou falar de um negócio que eu nunca usei? Comprei um para poder testar, para poder falar se serviria ou não, e super deu certo. Eu gosto muito do coletor, para mim está sendo maravilhoso”, ressalta.
Segundo Tauana, muitas vezes o coletor é imperceptível. “Às vezes eu nem lembro que estou com ele. Eu coloco de manhã e vou lembrar à noite. Ele não me incomoda, não aperta, não sinto nada. Tive um pouco de dificuldade no começo para poder tirar, mas eu acho que gera um pouco de ansiedade e de nervosismo, porque é uma coisa nova, que não estamos acostumadas”, aponta.