Não é bem essa a premissa da obra ‘A Revolução dos Bichos’, lançado em 1945 por George Orwell e que se tornou um clássico por abordar a luta de classes sob a ótica dos animais de uma fazenda. Mas não deixa de ser irônico que, num tempo em que a sociedade se sente amedrontada por um vírus mortal e para o qual ainda não existe cura, os bichos estejam dando um recado.
Nesta terça-feira (21) pela manhã, um enxame de abelhas atacou um grupo de pessoas no no sítio Queimadas de Ema, região próxima à 
Campina Grande. Dez pessoas foram atendidas no Hospital de Trauma, incluindo um idoso de 91 anos, que continua internado e foi o mais atingido.
Ainda na noite desta segunda-feira (20), um filhote de jacaré foi encontrado numa rua movimentada do Bairro dos Bancários. E ainda durante o último domingo (19), o Batalhão de Polícia Ambiental (BPAmb) resgatou nove cobras nas cidades de João Pessoa, Bayeux e Cabedelo, sendo uma delas, uma jiboia. E na semana passada, um filhote de gambá resolveu se esconder no quarto de uma estudante universitária em Campina Grande.
Isso sem falar da nuvem de gafanhotos que voltou a ameaçar o as plantações do sul do Brasil.
E para completar, não podemos esquecer das duas principais estrelas dessa verdadeira Revolução dos Bichos: a Naja de Brasília e a Ema do Planalto.
Sozinha, a Naja de Brasília conseguiu que a Polícia Civil intensificasse as investigações sobre a criação ilegal de espécies exóticas na capital federal. Depois de ficar em coma ao ser picado pelo animal, a Polícia Civil localizou 16 serpentes, que seriam do estudante Pedro Henrique Krambeck, em um haras em Planaltina. Segundo o Ibama, Pedro não tinha autorização para criar animais exóticos.
A Ema do Planalto não conseguiu tanto resultado, mas bicou o presidente Jair Bolsanaro. Por duas vezes. Não sabemos se foi a mesma ema, mas isso pouco importa. A ema é nossa amiga.
A conclusão que chegamos com tantos ataques e invasões de animais selvagens em ambientes urbanos é: Eles não estão errados.
Invadimos seu habitat natural, suprimimos sua fonte de alimento, os guardamos em caixas e tratamos os bichos como brinquedos de exposição.
Como diria Thomas Hobbes, na sua obra ‘Do Cidadão”, de 1642, “o homem é o lobo do homem”, em outras palavras, nós somos nossos maiores inimigos. E os animais têm ‘consciência disso’.
Taty Valéria