Ainda no início do mês de abril, publicamos aqui que grávidas e puérperas (mães de recém nascidos) haviam sido incluídas, pelo Ministério da Saúde, no grupo de risco do novo coronavírus. Já no mês de maio, nosso editorial fez o alerta de que essas mulheres não estavam recebendo a atenção necessária. Também conversamos com grávidas e puérperas sobre os medos e incertezas diante do contexto de pandemia.
E nesta quinta-feira, 30 de julho, acordamos com a informação de que 201 mulheres grávidas e puérperas perderam a batalha contra a Covid-19 levando o Brasil à um recorde mundial.
Os dados são do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe). Segundo a pesquisa, 22,6% das mulheres que morreram não tiveram acesso a um leito de UTI e 36% não chegaram a ser entubadas. Ao todo, são 1.860 casos da doença notificados nesse grupo de mulheres no país até o último dia 14 de julho.
O levantamento foi realizado por um grupo de obstetras e enfermeiras de 12 universidades e instituições públicas, como Fiocruz, USP, Unicamp e Unesp.
O Brasil já é um país que apresenta taxas altas de morte materna. Por ano, cerca de 60 mulheres grávidas ou no pós-parto morrem a cada 100 mil nascimentos de bebês vivos. Portugal e Argentina têm 8 e 39 mortes por 100 mil, respectivamente.
Segundo a pesquisa “A tragédia da Covid-19 no Brasil”, publicada no International Journal of Gynecology & Obstetrics, 77% das gestantes de todo o mundo que morreram em decorrência da Covid-19 durante a gravidez ou o puerpério eram brasileiras.