Quarentena encoraja mulheres e traz à tona casos de estupro no meio musical

By 30 de julho de 2020Machismo mata

Banda The Killers

Duas acusações de estupro no meio musical veio à tona nesta quarta-feira (29). Através da coragem de mulheres que passaram ou testemunharam estes crimes, as redes sociais repercutiram as denúncias, obrigando os acusados e se pronunciarem e provocando as autoridades a investigar os casos.

O primeiro caso que apareceu foi a denúncia de uma engenheira de som sobre um estupro coletivo backstage de um show do The Killers, banda norte-americana. A engenheira de som Chez Cerrie, que trabalhou com o grupo em uma turnê de 2009, resolveu republicar uma denúncia que fez em 2018, mas na qual não havia citado o nome da banda.

No longo texto, Chez fala sobre casos de machismo com ela durante seu trabalho — ela era a única mulher da equipe -, mas o que mais choca é um relato sobre um suposto estupro coletivo que aconteceu durante um show em Milwaukee, Wisconsin. De acordo com Cherrie, diversos membros da equipe de turnê do Killers teriam se relacionado sexualmente com uma mulher que foi deixada “intoxicada e nua” em um camarim.

O show estava bombando e estávamos no meio da carga, quando o engenheiro da [casa de luz] surgiu no rádio e disse: ‘Ei, pessoal, há uma garota pronta no camarim A. Coloque seu nome na lista do lado de fora da porta com seu canal de rádio e ligaremos para você quando for a sua vez’. […]

Me consolei ao achar que essa mulher, quem quer que fosse, era uma adulta concordando com aquilo. Ela sabia o que estava fazendo e não pude julgar os homens que participavam, muitos deles em ‘casamentos felizes’ e com filhos. Não era meu dever julgar. […] [Depois,] todo mundo começou a trocar histórias sobre essa mulher e suas experiências com ela. Eles conversaram sobre o seu nível de intoxicação, e não se preocupavam de ela estar obviamente desmaiada, ou perto disso. […] Quando o ônibus ia saindo, um segurança veio correndo até a porta. Ele parou o motorista e nosso técnico abriu a porta para ver o que ele queria. O segurança disse, e nunca esquecerei esse momento porque um pedaço de mim morreu naquela noite: ‘A garota do camarim A está desmaiada e nua. Alguém vai cuidar dela? Vocês têm um número de amigo ou alguém para quem podemos ligar?’

O técnico apenas negou com a cabeça enquanto os outros caras no ônibus riam. Ele fechou a porta enquanto o segurança olhava para baixo e o ônibus se afastou, e parte do meu coração apodreceu e caiu no chão.

Enquanto Chez não envolveu nenhum membro da banda neste episódio em particular, ela também conta no relato que eles pediam para que a equipe fizesse o trabalho de “cafetina”, para conseguir garotas para “chupá-los no camarim”.

Resposta do The Killers
Após a repercussão do relato, a banda se pronunciou sobre o caso. Leia:

Antes de qualquer coisa, qualquer alegação de comportamento inapropriado sobre qualquer pessoa da equipe de turnê do The Killers é levada extremamente a sério pela banda e sua gerência. A história dessa pessoa é assustadora e, embora o The Killers não tenha a mesma equipe de turnês em 2020 que tinha em 2009, [a banda] vai conduzir uma investigação completa sobre a equipe do passado e do presente. Seus advogados entrarão em contato com essa pessoa para obter mais informações e clareza sobre os supostos incidentes, conforme detalhado, bem como para o fornecedor que contratou a equipe para a turnê.

A banda está surpresa e chocada com essas alegações. O comportamento atribuído a eles e sua equipe é irreconhecível, e contraria diretamente os princípios com os quais eles se comportam em seu local de trabalho.

Em contato com a Pitchfork, Chez Cherrie revelou ter achado o comunicado “um bom sinal”, mas que o grupo ainda não entrou em contato. No Twitter, a engenheira de som apresentou provas de que realmente trabalhou com a banda.

Baterista do Kiss

Banda Kiss

Já a declaração de uma mulher no Twitter, que disse que foi estuprada quando havia acabado de completar 18 anos e o autor do crime foi Eric Carr, ex-baterista do KISS morto em 1991.

Em sua conta oficial no Twitter, Angela Petraline disse:

Foi o Eric Carr. O baterista do KISS. Ele me estuprou quando eu tinha acabado de completar 18 anos de idade e abusou sexualmente da minha irmãzinha, que tinha 14 anos. Isso aconteceu e eu não me permiti pensar que era estupro porque eu não revidei. Porque ele era um rock star.

Nos encontrou no elevador, depois do show (durante o show, Mike Tramp do White Lion pediu se a minha irmã de 14 anos queria ir ao backstage e ela disse sim, então ele disse ‘faça sexo oral em mim’). Eric nos convidou para o seu quarto para dar autógrafos. Nós fomos ao nosso quarto para pegar álbuns/CDs.

Fomos ao seu quarto, ele abriu a porta usando pijamas de velho com seu cabelo gigantesco. Nos ofereceu vinho de um balde de vinho gelado, nos pediu para escolher um filme de seu case de fitas VHS (1987, gente).

Escolhemos “A Hora do Pesadelo 2” que, inclusive, é uma merda. Bebemos vinho. Éramos três garotas, 18 anos (e uma semana), 14 anos e 14 anos. Ele nunca perguntou as nossas idades. Nós assistimos ao filme e voltamos para o nosso quarto.

Eric Carr morreu em 1991, aos 41 anos de idade, com um raro caso de câncer no coração. Ele estava no KISS desde 1980 e ficou com a banda até começar a ter os problemas de saúde.

 

do site Tenho Mais Discos que Amigos

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