De acordo com dados do IBGE, cerca de 10% da população brasileira é formada por idosos. Com maior expectativa de vida, e já fora do mercado de trabalho, grande uma parcela significativa dessas pessoas sofre com uma das consequências mais injustas da velhice: a solidão.
Pensando nisso, Juliana Rocha Miranda, advogada de 44 anos, desenvolveu um projeto que oferece companhia em momentos de lazer para mulheres e idosas. Chamada de Neta Por Acaso, a iniciativa busca aliviar a rotina e a solidão de uma parcela do grupo feminino, além de incentivar a independência da terceira idade.
Entre as atividades propostas estão idas ao shopping, cinema, restaurantes e praias, mas a idealizadora garante que a escolha é da cliente que contrata o serviço. De acordo com ela, o projeto Neta Por Acaso exerce “o papel de amiga”.
A iniciativa surgiu dentro da própria família de Juliana. Moradora de Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, ela se inspirou na vivência da própria avó, de 92 anos, para começar o projeto. Com o casamento dos filhos, a idosa acabou um pouco mais sozinha e sentiu falta de companhia para sair.
“A inspiração foi a minha avó, que sempre foi uma referência na minha vida, muito batalhadora e sempre com vontade de viver. Há um tempo, eu tive insight, porque ela sempre reclamava que a vida dela é um tédio e realmente com a correria do dia a dia da própria na minha família, a gente percebia que realmente, coitada, ela estava ficando muito sozinha em casa”, contou a advogada.
Em cinco meses, o projeto já atendeu cerca de 10 mulheres e idosas de forma presencial.
Depois da morte do marido, a dona de casa Marcela de Souza Medeiros, de 69 anos, teve que lidar com a solidão de morar sozinha no interior de São Paulo. Mas, com a ajuda da tecnologia, a idosa encontrou o projeto.
“Eu me sentia muito sozinha. Tenho meus filhos e minhas netas, eles me dão atenção, mas eu fiquei viúva. Eu optei por morar sozinha, isso foi uma opção minha, só que para mim estava sendo difícil. A Juliana me deu muita atenção, explicou, falou o nome de muitos livros, começamos a conversar. Nós passamos acho que uns 40 minutos conversando e desde o começo ela sempre me dando pela atenção. Para mim, achar a Neta Por Acaso foi um achado maravilhoso”, elogiou a dona de casa.
A idealizadora do projeto contou que, além do serviço, cultivou amizades durante os meses iniciais.
“Tenho criado um círculo de amizades com as próprias avós, então antes do passeio eu já sou bem amiga delas, não é uma coisa estranha, pelo contrário”, acrescentou a advogada.
da redação, com G1