Paraíba Feminina entrevista pré-candidatos do segmento LGBTQ+: Gerson Viana

By 31 de agosto de 2020Politica

Nossa série de entrevistas com pré-candidaturas LGBTQ+ segue nesta segunda-feira (31) apresentando mais um nome.

Gerson Viana

Natural do município de Bayeux, Gérson Viana cresceu no bairro da Imaculada. Filho de pai mestre de obras e mãe operária, ele e seus outros seis irmãos e irmãs viveram na região central da cidade, até que se deslocaram no início dos anos 1990, para o bairro do Alto da Boa Vista. Gérson estudou na rede pública de educação, e os estudos eram prioridade para a mãe dele, que era analfabeta, mas sempre deixou claro que pelo caminho do aprendizado seriam possíveis melhores oportunidades de vida, e este incentivo seria fundamental para que ele concluísse os estudos básicos e se graduasse em Teologia, seu primeiro curso em nível superior, pelo Instituto de Teologia de São Paulo e, logo após, se formando em sua segunda graduação no curso de Administração Pública. Enquanto estudava, trabalhou como assessor da presidência na Câmara de Vereadores de Bayeux, desde cedo vivenciando o mundo político, onde foi filiado ao PT, PSB e atualmente ao PSD. As salas de aula são parte integrante de seu principal ofício, pois foi professor em instituições de ensino técnico e superior, em cursos da área de Teologia e Gestão, ministrando no Sistema S (Senai, Senac, Sesi, IEL) e Fundação Bradesco. Hoje, aos 38 anos, mestre em Administração, Gérson tem uma abrangente contribuição de serviços para a população bayeuxense durante várias gestões municipais. Trabalhou como coordenador do Programa Bolsa Família na Educação, onde obteve sucesso e destaque no enfrentamento à infrequência escolar, coordenador administrativo e financeiro da Secretaria de Educação, e secretário adjunto da Secretaria de Trabalho e Ação Social da cidade de Bayeux. Seu trabalho na área social também faz parte de sua prestação de serviços à comunidade, atuando na coordenação pedagógica e de finanças das ONGs Missão Conviver, Associação Beneficente Casa Caiada e, mais recentemente, no Espaço Social Cidadania para Todos.

 

Por que você decidiu concorrer à uma vaga na Câmara Municipal?

Após vários anos à frente de projetos públicos e da prestação de serviços educacionais e sociais, vi que é chegado o momento de tornar estes projetos, benefícios generalizados, regulamentados e legislados para a população. As políticas públicas da cidade de Bayeux precisam ser equivalentemente proporcionais à complexidade das vulnerabilidades sociais do território, e para combatê-las, deve-se ter a consciência de um trabalho estratégico de intersetorialidade e multidisciplinaridade, compondo assim uma rede de proteção ao cidadão, desde o seu nascimento até o último estágio de sua vida. Sempre tive o olhar voltado para a percepção do direito, em especial os fundamentais, como educação, cultura, saúde, habitação, segurança nutricional. É por esta luta, a dos direitos da pessoa humana, que eu batalho todos os dias, enfrentando a invisibilidade social e promovendo mais oportunidades para a realização cidadã da população.

 

Parlamentares com perfil LGBT ainda são raras exceções. Como pretende lidar com a homofobia institucional, especialmente num cenário político cada vez mais conservador?

Em 2014, casei com meu esposo, o músico, educador social, e hoje estudante de Terapia Ocupacional pela UFPB, Rafael Viana Araújo, sendo um dos primeiros casais homoafetivos a unir-se sob o regime de Casamento Civil, no estado da Paraíba, após a publicação da Resolução Nº 175 do Conselho Nacional de Justiça, que obriga os cartórios a realizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil. Desde então, nós dois vimos que nosso casamento, além de toda afetividade e amor envolvidos, também era um ato político, de resistência e luta por direitos igualitários. Em ambientes de trabalho ou casuais, nós sempre combatemos qualquer ato homofóbico com informação. Acreditamos que a homofobia é uma consequência da ignorância arcaica, herdada de um histórico abusivo de uma sociedade patriarcal. A realização de palestras, promovidas por mim e pelo meu esposo nos CRAS e Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres em Bayeux, sobre as questões LGBTQI+ no Brasil, que vão desde a explicação do significado da própria sigla, dados sobre a violência vivida pela comunidade e acerca também dos direitos já garantidos e criminalização da homofobia, têm sido uma ferramenta extremamente positiva no enfrentamento à descriminação às pessoas LGBTs, pois é percebido que grande parte dos indivíduos que praticam atos homofóbicos, o fazem em sua maioria das vezes, pelo fato de não obterem esclarecimento sobre o assunto, reproduzindo esta injúria historicamente. Olhar a comunidade LGBT e lutar pela remoção destas pessoas das margens da sociedade é um dever de todos, principalmente da própria comunidade.

 

Quais os maiores desafios que você enfrentou até decidir concorrer?

O processo eleitoral brasileiro não é fácil. As incertezas da pré-campanha, assim como do breve período de campanha, antes das eleições, me permearam a mente. É um trabalho árduo e cansativo, principalmente para candidatos com perfil LGBT. Lidar com a exposição, com possíveis ataques a mim ou à minha família me preocuparam bastante. Mas o apoio fundamental do meu esposo e da nossa família, de amigos próximos, de profissionais de extrema importância no serviço público, além da minha personalidade inconformada perante as vulnerabilidades da população bayeuxense, me deram forças para continuar e decidir pela disposição do meu nome para concorrer à uma cadeira na Câmara de Vereadores da minha cidade.

 

Quais são suas principais bandeiras de luta, e como pretende trazer essas pautas para o trabalho na Câmara Municipal?

Como professor por oficio, tenho como luta de vida diária o direito à Educação de qualidade e de acesso gratuito para a população. A educação básica vem sofrendo com a infrequência escolar, e um trabalho com a coparticipação de vários setores do poder público é imprescindível para manter nossas crianças e adolescentes no caminho da sabedoria. Dar ênfase à intersetorialidade de informações e programas de transferência de renda para que as famílias em situação de vulnerabilidade (maioria na cidade de Bayeux) possam ter emancipação e protagonismo cidadão, incentiva a participação de seus jovens na comunidade escolar. Legislar projetos que promovam a proteção integral, o despertar cidadão, o reconhecimento da identidade sócio-histórica, assim como o pertencimento territorial, empoderam a pessoa humana, criam oportunidades, retiram das margens sociais e despertam para a cidadania.

 

Saiba mais sobre Gerson Viana em seu perfil @gerson.viana

Leave a Reply

%d blogueiros gostam disto: