Saúde Pública no Brasil sempre foi calcanhar de Aquiles de qualquer gestor! Em véspera de eleição, então…
Aí o prefeito do Rio de Janeiro, mais um daqueles representantes do “povo de Deus”, símbolo de honestidade e retidão, resolveu inovar no “cuidado com o povo”!
O método é simples e nada saudável. A estratégia não é oferecer melhor assistência à saúde da população, mas sim omitir, camuflar a realidade… A gestão de Marcelo Crivella contratou pessoas para servirem de “Leão de chácara” na porta de hospitais.
Assim mesmo, covardemente, os autodenominados “Guardiões de Crivella”, com contracheques na Prefeitura Municipal carioca, são escalados na frente de unidades de saúde e hospitais para obstacular o trabalho da imprensa, evitando que pacientes e familiares relatem os problemas locais. Aqui abro um parêntese: ao contrário do que querem nos fazer crer, não são servidores efetivos, são comissionados contratados, e essa informação é relevante num momento em que se tenta aprovar a Reforma Administrativa.
Guardadas todas as devidas proporções, uma medida da Prefeitura Municipal de João Pessoa, inevitavelmente, aparenta ter o mesmo objetivo da similar do Rio de Janeiro.
O secretário Municipal de Saúde da capital paraibana, Adalberto Fulgêncio, determinou a proibição do uso de aparelhos celulares em todas as unidades de saúde vinculadas ao município!
A alegação é evitar a disseminação do coronavírus… Ora, é fato que o aparelho companheiro de 10 em cada 10 pessoas no mundo moderno, representa sim um potencial vetor, foco do Covid, afinal está com todos em todos os momentos… Mas, por que esta medida veio a ser tomada apenas seis meses depois do início das restrições impostas pela pandemia??
E, curiosamente há apenas dois meses das eleições municipais?!?!
As inevitáveis suspeitas que recaem sobre a determinação abrupta da PMJP ganham ainda mais dimensão quando lembramos que, há menos de uma semana, o maior hospital público de João Pessoa chegou a ser interditado pelo Conselho Regional de Medicina.
Antes da decisão do CRM, uma enxurrada de imagens denunciava o total estado de abandono do Trauminha, em Mangabeira. Fotos e vídeos expondo absurdos como baratas, formigas, total falta de higiene e grandes problemas estruturais…
Após toda a polêmica o secretário alegou que a proibição foi anterior a interdição, o que é verdade. Mas foi posterior a fiscalização, que resultou no fechamento temporário da unidade, logo…
Adalberto também diz que qualquer interpretação da medida é juízo de valor. Ora secretário, como não atribuir a medida da Prefeitura de João Pessoa à intenção de abafar eventuais problemas nos postos de saúde sob sua competência?? Como dissociar a determinação municipal da tentativa de evitar exposição negativa em período eleitoral??
Lógico, diferente do exemplo carioca, aqui, onde o sol nasce primeiro, a ação é amparada por legalidade. O secretário tem função definida, autonomia e prerrogativa excepcional, diante da pandemia, para tomar medidas radicais…
Mas, como frisei acima, à sua maneira, no Rio de Janeiro, ou aqui em João Pessoa, cada um está servindo a preservação da gestão com “as suas armas”, umas são claramente ilegais e imorais, enquanto outras engordam (parafraseando o Roberto Carlos)!
texto publicado originalmente em marcosthomaz.com