Será que estou bem depilada? Será que meu cheiro tá incomodando? Será que exagerei no perfume? Será que a/o crush tá gostando dessa posição? Será que ele/ela sente falta da/do ex?
Transar pensando no prazer alheio, no próximo movimento a fazer, na posição mais elaborada, como o parceiro ou parceira está enxergando seu corpo, se está estranhando as expressões que você está fazendo… Tanta coisa na cabeça que a mente não relaxa e o orgasmo não vem. Reconhece essa situação? Pois bem, é um fenômeno mais comum do que você imagina, atinge mulheres e homens, gays e lésbicas e tem até nome: “spectatoring”, ou “síndrome do espectador”.
Essa é a forma como é chamada a sensação de estar fazendo sexo como espectador do ato e não como participante. E não escolhe orientação sexual nem estado civil. Se você transa, está sujeito a passar por isso.
“Na verdade, é raro ter um paciente que consegue de fato estar no presente. A ansiedade de desempenho ou de performance atrapalha muito. A forma como enxergamos o sexo muitas vezes vem da pornografia e há uma pressão para que você seja bom de cama”, explica a psicóloga clínica, terapeuta sexual Paula Napolitano, autora do livro “Sexplicando: sexualidade sem mitos”.
Na prática, isso significa que muita atenção às caras e bocas ou trocas de posição excessivas, quase numa encenação de filme pornô, afasta as pessoas do orgasmo. “Existe uma ditadura do sexo, em que há necessidade de ter muitos orgasmos ou muitas relações sexuais e isso atrapalha o sexo real, porque você vive uma performance e não está focado nas sensações. É como se você se desligasse do que o seu corpo quer”, explica ela sobre o spectatoring.
A pressão da performance atinge homens e mulheres, mas de maneira distintas. Em comum, fica a dificuldade do orgasmo. “Para as mulheres heterossexuais, existe muito a questão de precisar agradar o parceiro, ela quer ser considerada boa de cama, mas ao mesmo tempo, não muito boa a ponto de parecer que sabe demais, que transa demais.”, diz a sexóloga. “Para elas, existe ainda muito forte a questão da autoimagem, da cobrança do próprio corpo. Isso invade os pensamentos no sexo”, continua Paula.
Já nos homens, a pressão por uma ereção longa e duradoura, digna do Xvideos, fica no caminho do prazer. “Eu tenho visto cada vez mais homens que evitam o sexo pelo medo de falhar na performance, porque o homem tem um flagrante que a mulher não tem, então, ele prefere nem fazer sexo tamanha pressão”, diz a terapeuta de casais Denise Figueiredo, do Instituto do Casal.
Como nem tudo está perdido e o importante é ser feliz (no caso, aproveitar ao máximo o prazer sexual), aqui vão algumas dicas para tirar você da poltrona e se tornar protagonista do seu filme:
Invista nas preliminares
O sexo não começa na hora que a gente tira a roupa e construir o clima pode fazer a diferença. Falar do que gosta, do que espera, lembrar de sensações boas antes do sexo pode fazer com que os parceiros ou parceiras fiquem mais presentes.
Mantenha o foco
Estar aqui e agora é imprescindível. “Em casais, tomem um banho juntos, explorem os corpos um do outro. Pare, respire, esvazie a mente e busque estar presente no momento”, ensina Denise Figueiredo. Se concentrar mentalmente é valioso. ”
Seja gentil com seu corpo
Caso esteja insatisfeito ou inseguro com seu corpo, Denise indica uma reflexão: “Pense em momentos em que seu corpo já te deu muito prazer e em como ele pode voltar a te dar prazer”, diz ela.
Não siga receitas prontas
Cada parceiro ou parceira é único e cada transa (mesmo que com o mesmo parceiro) pode ser sempre um recomeço. “Não tenha roteiro estabelecido, até porque um roteiro estabelecido do que eu gosto, do que eu não gosto, do que eu vou fazer, não funciona sempre e nem com todo mundo. Não é porque eu vivi com uma pessoa algo que amei que aquilo vai funcionar com outra. É importante estar no momento e nas sensações do momento”, conclui.
da redação, com informações do Universa