Tinha tudo pra dar certo. A pessoa é incrível, é linda, tem um papo bom, gosta das mesmas coisas que você… Você idealiza o beijo, o sexo, sonha, deseja, chega o grande dia e… dá tudo errado. Mariana* tem 25 anos e trabalha como designer gráfico. “Passei muito tempo tentando sair com um rapaz. Flertávamos com frequência, mas ele demorou para corresponder às minhas investidas porque eu era cliente do local em que ele trabalhava. Quando finalmente quebrei a barreira, minhas expectativas estavam lá em cima. Ele mesmo alimentou isso, mandando mensagens e dizendo coisas para instigar minha imaginação. Achei que seria incrível, porque nos víamos com frequência e nos dávamos bem”, conta.
Mas nem tudo saiu como o planejado: “Nossos beijos foram ótimos, então achei que o sexo também seria assim. Mas a nossa primeira noite juntos foi estranha. Apesar de carinhoso, ele tinha um ritmo rápido, selvagem. Gostava de comandar, trocava de posição toda hora, um pouco afobado. Nunca tinha parado para pensar, mas neste dia descobri que gosto mais de provocar, envolver, olhar no olho. Ninguém estava errado, só tínhamos jeitos muito diferentes. Quando percebemos foi até engraçado. Chegamos a nos separar dando risada. Ele disse: ‘Vamos precisar encontrar um meio-termo né?’. E recomeçamos. No fim, ele se divertiu bastante. Eu nem tanto”.
De acordo com Gabriela Daltro, psicóloga e sexóloga da plataforma Sexo sem Dúvida, duas pessoas podem se dar bem e até ser íntimas em diferentes aspectos da vida, mas não ser compatíveis no sexo — pelo menos não de primeira. “As pessoas têm histórias e aprendizados diferentes. Levamos para a cama não só o desejo, mas também experiências antigas, traços de personalidade e até a educação que recebemos dos nossos pais, além de referências externas, como livros que lemos e filmes que assistimos. Não é só biológico, como muita gente pensa. Por isso há quem prefira o tradicional, há quem goste de experimentar coisas novas e assim por diante”.
Deu ruim.
Ninguém vai a um primeiro encontro achando que vai se dar muito bem com a outra pessoa. No sexo, acontece a mesma coisa. As pessoas envolvidas assumem um risco”, aponta. Na visão de Gabriela, é preciso ter em mente que o parceiro vem com a própria bagagem e que nem sempre o encaixe vai ser perfeito de primeira. “Caso haja insatisfação na hora do sexo, o melhor é usar a linguagem não verbal. Vale pegar na mão do parceiro, tocar da forma como gostaria de ser tocado e até direcionar o corpo da outra pessoa. Mas não é o melhor momento para fazer críticas, pois é uma situação de muita vulnerabilidade e pode ser que elas não sejam bem recebidas”, orienta.
Depois, com os ânimos menos exaltados, o diálogo pode fluir melhor. “Mencione o que foi bom, dizendo que quer fazer de novo, por exemplo. Se sentir que existe abertura, faça sugestões de como poderia ter sido melhor. Mas tente deixar o clima leve”, indica.
Até que ponto insistir? A experiência, para Mariana, foi divisora de águas. “Até saímos outras vezes, porém comecei a perceber mais diferenças entre nós dois, que iam além da cama”, relembra. Para Gabriela, o limite varia de acordo com o que a pessoa enxerga como prioridade. “Para algumas pessoas, vale a pena investir, mesmo se a química não for boa, porque as outras áreas da vida têm mais peso. Já outras entendem o sexo como inegociável e preferem encerrar a relação depois de um tempo de frustração”, diz. Mas a profissional ressalta que, se existe a vontade de ficar junto, o que não faltam são técnicas para melhorar a vida sexual. “Problemas como disfunção erétil, ejaculação ejaculação precoce, dificuldade para chegar ao orgasmo e vaginismo podem ser tratados com profissionais da área da saúde e também da psicologia”.
da redação com informações do Universa