O que é, verdadeiramente, a tal ‘força feminina’? Você que é mulher, o que considera ser sua força?
Apesar de representarmos 52% do eleitorado no Brasil, só ocupamos 15% das cadeiras legislativas municipais. Somos maioria, mas somos representadas por homens, que a cada nova legislatura, não estão nem um pouco interessados em nossas pautas. Com as eleições batendo na nossa porta, e com a necessidade urgente em colocar mulheres em papéis de destaque e enfrentamento real, os partidos têm dado seus pulos, e certamente algum marketeiro mais antenado deve ter soprado nos ouvidos dos partidos que sim, é preciso colocar mulheres no palanque. Isso é ótimo! Só que não.
É até uma afronta para nós mulheres sermos usadas para encher linguiça, com o perdão do trocadilho tosco. Queremos ter representantes sim, mas precisamos de identificação. Queremos mulheres que se percebam e realmente entendam nosso contexto de vida e de luta. Mulheres que tenham vivência do que nos aflige e nos amedronta.
Da filha da empregada doméstica que se tornou mestra em Serviço Social, à professora que se tornou prefeita. Da estudante universitária que foi pra rua contra o desmonte da educação, à mulher agricultora que começou a trabalhar aos 8 anos e criou sua família catando latinhas. Da mulher que lutou pelo fim da violência doméstica, àquela que tem dois empregos e ainda precisa cuidar da casa e dos filhos.
Elas não são esposas, filhas ou cunhadas de nenhum político com projeção. Elas não precisam que os homens representem a sua voz, e que praticamente implorem “eu preciso de um homem que me ouça”.
As mulheres que representam a verdadeira força feminina construíram sua própria história e trajetória e nos reconhecemos nelas.
E esperamos que nesse processo eleitoral todas as mulheres eleitas possam também se reconhecer nas mulheres paraibanas e se identificar nas lutas e anseios, especialmente os mais vulneráveis.
Então, amigues, não basta votar em mulher. É preciso se reconhecer nela.
Taty Valéria