De porta-voz de Bolsonaro a praga da direita, Sara Winter foi cancelada pelo próprio conservadorismo

By 5 de outubro de 2020Brasil, Machismo mata

Já falamos aqui sobre o tipo de respeito com que a extrema direita trata suas mulheres. Só pra deixar claro, quem é da extrema direita só se importa com “suas” mulheres quando elas são úteis de alguma forma. Geralmente, elas reproduzem os discursos bizarros, se submetem à situações constrangedoras e sim, são sempre o lado mais fraco quando a corda se arrebenta. Já aconteceu com a deputada federal e hoje candidata à prefeitura de São Paulo, Joice Hasselmann, já aconteceu com a Raquel Sherazade, que servia bem quando o discurso contra o PT começava a ser modinha, e serviu até com a primeira dama Michele Bolsonaro. Neste domingo, mais uma entrou no “clube”: O clube das Mulheres que não servem mais”. É triste, é revoltante, mas né surpresa. Se você é mulher, de extrema direita, e apoia esse governo e suas sandices, não tenha dúvida, seu dia vai chegar, seja no achincalhe, seja no esquecimento.

A nova revoltada com o governo Bolsonaro é talvez, uma das maiores representações de suas mensagens de ódio: Sara Giromini, ela mesma, a Sara Winter.

Lembra dela?

As lições de um domingo com Sara Winter, católicos e uma garota de 10 anos condenada pelos estupros que sofreu

Presa, sem projetos e ideologias e com armas para buscar mídia

 Peitos de fora, armas, prisões e o vale-tudo por mídia

A Sara usou suas redes sociais pra desabafar. Numa postagem no facebook, que você pode ver aqui (ou não, não seja obrigada), Sara se questiona:

E agora? Qual a orientação do governo pra Sara Winter? Aaaah, nenhuma né? Aliás, a orientação é EXONERAR TODOS os que tiveram contato comigo do governo, afinal, a praga do Bolsonaro não é a esquerda, é a loirinha que causou tentando defendê-lo. 
Sim, senhores, estão exonerando todos os que já tiveram contato comigo, a começar pelo Ministério da Damares.
Estou cansada. Cansada de ficar calada enquanto vejo o governo que dei minha vida enfiar uma piroca no meu c*.
Damares? Eu sou a filha que Damares abortou.
O ofício que meus advogados protocolaram no Ministério dos Direitos Humanos no dia 17 de Junho sobre a prisão política está jogado lá, nem olharam, tampouco responderam.
Durante os poucos meses que lá trabalhei fui PROIBIDA DE FALAR A PALAVRA “pró vida” dentro da Secretaria da Mulher. Eu fui exonerada, mas as feministas continuam lá a todo vapor. Pq? Até hoje não sei. Não sei responder isso pra vcs. Mas sei dizer que quando chegava uma indagação de movimentos abortistas e até de maconheiros, nós éramos pressionados a responder antes do prazo, pra, sabe como é… não deixar a oposição bravinha conosco.
Bolsonaro? Que inveja eu tenho do Toffoli. Ele pelo menos ganhou um abraço do Bolsonaro.
O que vcs viram do acampamento não foi a ponta do iceberg.
Vocês sabiam que General Heleno me convocou ao Planalto pra COMER MEU C*, dizendo que jornalistas da Época, da Folha, do UOL, estavam mandando e-mails se queixando de que nós, os 300 do Brasil éramos hostis com eles??
Isso mesmo, queridos: General Heleno me proibiu de gritar com a imprensa, de mandá-los embora, de gritar “globo lixo”. Pq, né… coitadinho dos jornalistas que fodem a vida do Bolsonaro todo dia. Eles precisam trabalhar, dona Sara! Não os incomode mais.
Fomos “aconselhados” por deputados da base aliada a não falar mais um ai do Maia ou do STF, pra não atrapalhar, claro.
Obedecemos. Obedecemos de boca calada às poucas broncas que nos eram dadas.
Chegou una hora que não entendíamos o que estava acontecendo, mas a gente pensava “Deixa ele, ele é estrategista”.
Não reconheço Bolsonaro. Não sei mais quem ele é. O homem que eu decidi entregar meu destino e vida para proteger um legado conservador.
Porque estou escrevendo isso? Pq não aguento mais. Não aguento mais.
Tanta gente fala que sou infiltrada. Talvez eu devesse virar feminista de novo. Feminista, puta, petista, sei lá. Assim pelo menos eu teria atenção do governo, teria sua estima, teria meus direitos reestabelecidos.
Acorda Bolsonaro. Já tá bom de dar surra em quem gosta de você.
E não me venham falar de virar a casaca. O que eu quero é um Brasil livre do comunismo, do aborto… e pelo visto, esse sonho morreu com a minha última vontade de reagir a vida.
Aprendam: nem no governo Bolsonaro existem direitos humanos para os conservadores.
E é isso. É isso que vou contar pra qualquer um fora do Brasil que me perguntar: estou vivendo pela vontade de fazer justiça com todos os que estão presos por defender Bolsonaro. Mas não posso mais contar com ele, pois infelizmente, por “estratégia” se tornou parte do establishment.
Saudades Coronel Ustra “não faço acariaçao com comunista”.
Obs: eu não quero atirar no Bolsonaro. Eu quero menos “estratégia” e mais conservadorismo
Se você leu até aqui e não entendeu muito bem o que ela quis dizer, nós também não. Mas duas coisas ficaram bem claras:
1. Essa galera da extrema direita adora aquela palavra que começa com C e termina com U;
2. Sara está sozinha, não tem onde ou à quem recorrer, e isso pode ser bom. Ela usa uma tornozeleira eletrônica, e talvez, aceite jogar tudo num ventilador por uma lindíssima delação.
E sobre Sara, antes que os fiscais de feminismo venham falar sobre coisas que eles não entendem, já adiantamos: não somos obrigadas.
Taty Valéria

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