Já falamos repetidas vezes que as mulheres estão sempre vulneráveis. Seja no trabalho, em casa, na rua, no consultório médico, e até na igreja, se existe um abusador, ele vai agir, independente do local.
Tadashi Kadomoto, conhecido como “guru da meditação na pandemia”, e que também atua há quase 30 anos fazendo terapia transpessoal, que usa hipnose, meditação, regressão e relaxamento, é acusado de estupro de vulnerável. A Justiça de São Paulo aceitou denúncia do Ministério Público e o tornou réu.
O terapeuta é acusado por uma ex-aluna, e depois da exposição, outras mulheres que também afirmam ser vítimas dele.
Uma ex-aluna e também paciente de Tadashi Kadomoto procurou o Ministério Público no fim do ano passado para fazer a denúncia. Ela contou que foi estagiária no instituto que leva o nome do terapeuta e que também buscou atendimento em uma clínica dele para tratar distúrbios alimentares.
A mulher afirmou que foi vítima de vários abusos sexuais durante 7 anos de tratamento e treinamento. Depois de ouvir testemunhas e coletar provas, a Promotoria denunciou o terapeuta, que responderá na Justiça por 5 estupros.
O advogado da vítima, Luiz Flávio D’Urso, afirmou que os problemas dela pioraram com os abusos. “Em vez de melhorar, ela piora… Piora a anorexia, não encontra o conforto buscado. Pelo contrário, ela encontra uma angústia que se amplia. Ela não via nada, estava totalmente envolvida por ele e foi vítima de abusos sexuais. Isso tudo aconteceu sem a consciência dela e sem nenhuma capacidade de resistência”, disse ele.
Além de estupro de vulnerável, Tadashi Kadomoto também foi acusado de lesão corporal grave pelos danos psiquiátricos causados a ela.
O terapeuta poderá se defender no processo, que entra em uma nova fase de investigação. Caberá à Justiça ouvir as partes e julgar se ele é culpado pelos crimes.
A promotora responsável pelo caso, Celeste Leite dos Santos, afirmou que o terapeuta se aproveitou do momento vulnerável da vítima.
“Foi de uma forma progressiva… Começou com um toque, depois troca de e-mails, até que ele consumou, quando ela não tinha a menor capacidade de assumir resistência, o ato sexual, não respeitando sequer o fato de que a vítima estava grávida.”
“Ele tinha ciência que ela tinha distúrbios alimentares. E em vez de ser fonte de tratamento, ele foi agravando todos esses problemas para poder atingir o seu objetivo, que era o mesmo desde o princípio: obter conjunção carnal com a vítima”, disse a promotora.
Outros casos
Na última semana, a reportagem da GloboNews e do Fantástico foi procurada por algumas mulheres que foram atendidas por Tadashi Kadomoto e também dizem ter sido vítimas de abusos sexuais.
“Apesar de eu ter sofrido um estupro quando era criança, vejo que minha história com o Tadashi foi mais traumática”, disse uma delas em depoimento ao Ministério Público.
Os abusos e as investidas para um contato mais íntimo não teriam ficado restritos aos cursos e aos atendimentos no consultório de Tadashi Kadomoto. As mulheres contam que recebiam mensagens e e-mails do terapeuta, com declarações de amor e de cunho sexual.
Nota enviada pela defesa
Tadashi Kadomoto se manifestou em nota sobre as acusações, enviada pelo advogado Alexandre Wunderlich.
“Tadashi Kadomoto atua há mais de 30 anos na área de treinamento comportamental, já tendo apoiado cerca de 100 mil pessoas, por meio de palestras e treinamentos motivacionais. São numerosos e públicos os depoimentos que comprovam a sua atuação. Durante a pandemia, promoveu, de forma gratuita, lives para a ajudar milhares de pessoas a atravessar esse período tão desafiador para todos nós. Em toda a sua reconhecida trajetória profissional, jamais recebeu solicitação de esclarecimento sobre qualquer fato e também não recebeu nenhuma denúncia formal até o momento”, diz o texto.
da redação, com informações do G1