O caso do assédio em Campina e as consequências para quem passa pano em crimes sexuais

By 29 de outubro de 2020Justiça

Em 22 de outubro, postamos aqui dois casos de assédio sexual que aconteceram numa loja de iluminação e decoração em Campina Grande. A repercussão foi imensa. Na noite da terça-feira (27), alguém, em nome da loja, resolveu se pronunciar: ignorando as vítimas, falando que as denúncias causaram desconforto e que a culpa são dos “eventuais excessos do mundo virtual”. A publicação, feita num grupo de whatsapp não está assinada, e você pode conferir aqui.

Na noite da quarta-feira, o Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento Paraíba – IAB.pb, publicou uma nota de repúdio em que afirma “Episódios de assédio feminino não devem ser invisibilizados ou tratados de forma isolada, pois se enquadram como práticas opressoras que derivam do machismo, do sexismo, da misoginia e do racismo. Tais condutas não são toleráveis e precisam ser combatidas de forma enérgica por homens e mulheres, em todos os espaços de atuação”

A nota também afirma que de acordo com o censo realizado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), em 2012 as mulheres representavam 61% do total desses profissionais em todo o país. O reconhecimento da pesquisa levou o Conselho Superior do IAB a instituir em nível nacional a Comissão Extraordinária de Equidade de Gênero. Criada em 2020, tem como objetivo fomentar uma política interna de combate à desigualdade de gênero de forma a promover um espaço mais seguro, transparente e acolhedor para as questões relacionadas ao exercício profissional da mulher.

Por fim, a entidade “se manifesta encorajando e apoiando para que tais situações não sejam silenciadas nem tampouco menosprezadas, requerendo que as vítimas sejam amparadas com toda proteção e dignidade”.

Fundado no Rio de Janeiro em 26 de janeiro de 1921, o IAB é a mais antiga das entidades brasileiras dedicadas à arquitetura, ao urbanismo e ao exercício da profissão, e seu posicionamento em favor das vítimas é um recado claro e objetivo de que crimes dessa natureza não serão mais tolerados em seus espaços de trabalho.

Acompanhe a nota na íntegra:

“Nota de repúdio

O Instituto de Arquitetos do BrasilDepartamento da Paraíba (IAB.pb), vem à público repudiar os atos de assédio moral e sexual expostos na última semana por meio de redes sociais e que afetaram profissionais arquitetas e urbanistas da cidade de Campina Grande (PB).

Episódios de assédio feminino não devem ser invisibilizados ou tratados de forma isolada, pois se enquadram como práticas opressoras que derivam do machismo, do sexismo, da misoginia e do racismo. Tais condutas não são toleráveis e precisam ser combatidas de forma enérgica por homens e mulheres, em todos os espaços de atuação.

De acordo com o censo realizado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), em 2012 as mulheres representavam 61% do total desses profissionais em todo o país. O reconhecimento da pesquisa levou o Conselho Superior do IAB a instituir em nível nacional a Comissão Extraordinária de Equidade de Gênero. Criada em 2020, tem como objetivo fomentar uma política interna de combate à desigualdade de gênero de forma a promover um espaço mais seguro, transparente e acolhedor para as questões relacionadas ao exercício profissional da mulher.

Não compete ao IAB.pb pronunciar-se enquanto instância julgadora. O Instituto compreende que é primordial o respeito aos trânsitos processuais na jurisdição das esferas cabíveis. Contudo, o IAB.pb – entidade profissional da sociedade civil organizada que reconhece a opressão de gênero como algo presente no cotidiano do ambiente de trabalho das arquitetas e urbanistas – se manifesta encorajando e apoiando para que tais situações não sejam silenciadas nem tampouco menosprezadas, requerendo que as vítimas sejam amparadas com toda proteção e dignidade

Da redação, com portal IAB.pb

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