O estado de Santa Catarina pode ser considerado um “suco de Brasil”. Da governadora que silencia sobre o nazismo e sobre agressões à jornalistas e desdenha dos cuidados para se proteger da Covid-19 (por duas vezes, a governadora Daniela Reinehr apagou posts em suas redes sociais: o primeiro, pedia para as pessoas se protegerem e usarem máscaras no feriado, e o segundo, se solidarizava com uma equipe de reportagem que foi agredida), ao caso de Mariana Ferrer, o estado parece concentrar o que de pior existe em termos de machismo, negacionismo, e censura contra a imprensa, em resumo, o bolsonarismo em sua essência.
A cereja do bolo veio Ministério Público de Santa Catarina, que instaurou uma notícia de fato para investigar Gean Loureiro (DEM), prefeito de Florianópolis, por suspeita de improbidade administrativa. A investigação, na verdade, decorre de uma denúncia de estupro feita por uma candidata a vereadora e ex-servidora no início de outubro.
Gean Loureiro, que é candidato à reeleição, nega que tenha sido estupro e afirma que a relação foi consensual. No último sábado, 31, a assessoria do prefeito disse que ele responderá ao Ministério Público quando for intimado.
Segundo a nota da assessoria, Loureiro soube do processo por meio da imprensa, o que provaria “toda a armação política e eleitoral sobre o tema”. Segundo a última pesquisa Ibope, Gean tem 58% das intenções de voto em Florianópolis, ou seja, venceria no primeiro turno.
A promotora de Justiça Juliana Padrão Serra de Araújo, da 31ª Promotoria da Comarca da Capital, decidiu instaurar a notícia de fato por conta própria, depois de saber em notícias sobre a denúncia.
Registrado no dia 9 de outubro por uma servidora, o boletim de ocorrência tem relatos de que o último abuso teria acontecido em 2019. A vítima é candidata pelo mesmo partido do prefeito. Na quinta-feira, ela explicou que optou por procurar a polícia depois de fazer terapia.
Segundo a mulher, foram alguns episódios de abuso. O primeiro em 2017, quando o prefeito a teria agarrado pelo braço e tentou tocar suas partes íntimas. Houve ainda relações sexuais sem consentimento, uma entre 2017 e 2018 e outro em outubro de 2019.
Ela disse que os casos aconteceram na Secretaria de Turismo, onde ela trabalhava. No dia 29, Gean Loureiro divulgou um vídeo se defendendo. Ele disse que é uma armação eleitoral, assume que teve um caso extraconjugal em 2019, mas afirma que foi consensual.
A Polícia Civil não se pronunciou sobre o caso.
com informações do Yahoo Notícias