Fabrícia Cavalcante era bancária e morava em Campina Grande. Por conta de uma fibromialgia, estava afastada do trabalho pelo INSS há três anos. Muito ligada à família, especialmente à mãe, de 83 anos, era uma moça responsável e precavida. Sempre que saía, avisava onde estava. Sempre que chamava um Uber, ou outro aplicativo, fazia questão de mandar a localização para a família. Na descrição do seu perfil no facebook, o trecho da música de Gonzaguinha: “Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz”
Há cerca de três meses, ela começou um namoro com um rapaz, e a família não sentiu “afinidade”.
Em algumas ocasiões, Fabrícia chegou a falar que ele era bastante ciumento e tinha comportamentos abusivos. Sua mãe alertava que ela precisava terminar esse namoro. Na sexta-feira, dia 20 de novembro, Fabrícia disse à mãe que colocaria um fim ao relacionamento, e no sábado, dia 21, ambas foram ao Centro da cidade. Fabrícia não tocou no assunto, e sua mãe também não.
No domingo, dia 22, Fabrícia se arruma para almoçar com a prima, que mora a 500 metros de sua casa. Ela nunca chegou ao destino. Às 15h do domingo, a família começa a tentar um contato com ela, em vão. Tentaram falar com o namorado, motorista de aplicativo, também sem sucesso. A família chegou a pensar que os dois estariam juntos.
Na segunda-feira, dia 23, depois de um dia inteiro de angústia, a família foi pela quinta vez na casa do namorado de Fabrícia. Uma parente subiu no muro da casa e observou que as portas estavam abertas, as luzes estavam acesas e o carro estava na garagem, mas ele não atendeu os chamados. De lá, foram fazer um B.O por desaparecimento.
Ao chegarem na delegacia, encontraram o local fechado. Na volta pra casa, a família encontrou uma viatura da PM e pediu informações de como proceder. Ao conversar com os familiares, um dos PM notou semelhanças entre a descrição de Fabrícia com um corpo que havia sido encontrado num terreno baldio da Av. João da Mata, nessa mesma segunda-feira, pela manhã. A família foi levada de volta à Delegacia, e a informação se confirmou:
Fabrícia havia sido encontrada, por um catador de recicláveis, sem marcas aparentes de violência. Ela estava jogada numa área de uso de drogas e prostituição. Numa matéria realizada pela equipe do JPB 2ª edição, do dia 23 de novembro, Fabrícia foi só um corpo sem nome, apontada por uma “testemunha” como usuária de drogas e garota de programa.
Na terça-feira (24) pela manhã, enquanto a família fazia os preparativos do velório, o namorado finalmente apareceu, chamando por ela. Ao ser informado que ela tinha sido assassinada, ele desceu do carro e chorou por 20 minutos. Ele voltou mais tarde para o velório, e chegou a dizer para uma das primas de Fabrícia: “Isso vai sobrar pra mim”. Durante o enterro, ele não conversou com ninguém.
De acordo com informações da Polícia Civil:
– Foi solicitado um exame toxicológico e o laudo só sai com um mês, aproximadamente;
– O resultado desse exame irá ajudar na descoberta da causa da morte;
– Essa informação dada pelo JPB não foi repassada pela Polícia Civil. (Na realidade, um homem que se apresentou como artesão passou essa versão para a equipe de TV, que de acordo com a família, se retratou pelo “equívoco”)
– As linhas de investigação seguem em sigilo, para não comprometer o andamento do caso;
– Nenhuma hipótese pode ser descartada ainda. O crime segue em investigação.
Fabrícia não era usuária de drogas, nem garota de programa. E mesmo que fosse, em que isso diminui a dor de uma família e pode ser usada como justificativa para um crime?
Em nome de sua memória, em nome de todas as mulheres, nós queremos saber: Quem matou Fabrícia Cavalcante?
Taty Valéria