O Ministério da Saúde está realizando o inquérito de cobertura vacinal, que tem como objetivo de saber como está a caderneta de vacinação das crianças nascidas em 2017 e que vivem nas áreas urbanas das capitais brasileiras. João Pessoa foi uma das cidades escolhidas para a pesquisa.
Segundo o Ministério da Saúde, a escolha pela idade (3 anos) se deu porque essas crianças já deveriam estar com o calendário básico de vacinas completo e o inquérito quer verificar justamente a trajetória de imunização dos pequenos, conforme Calendário Nacional de Vacinação, do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Os pais e responsáveis pelas crianças, após responderem ao questionário, terão a caderneta do filho fotografada e os dados recolhidos serão analisados e concluídos até dezembro de 2021. Mesmo que a vacinação não esteja em dia, é importante que os pais e responsáveis respondam ao questionário.
Por que essa pesquisa é tão importante?
Pela primeira vez em quase 20 anos, o Brasil não atingiu a meta para nenhuma das principais vacinas indicadas a crianças de até um ano. É o que apontam os dados de 2019 do Programa Nacional de Imunizações.
A situação ocorre em um contexto de queda nas coberturas vacinais nos últimos cinco anos, cuja redução já chega a até 27% para alguns imunizantes. Para complicar, em meio a pandemia do novo coronavírus, equipes de saúde dizem ver atrasos na busca pela vacinação também neste ano, o que indica a possibilidade de nova queda histórica nos índices.
Em geral, a meta de vacinação de bebês e crianças costuma variar entre 90% e 95%. O primeiro patamar vale para vacinas contra tuberculose e rotavírus, e o segundo para as demais. Abaixo desse valor, há forte risco de retorno de doenças eliminadas, como já
ocorreu com o sarampo, ou aumento na transmissão daquelas que até então vinham sendo controladas.
Em 2019, porém, nenhuma vacina atingiu a meta entre o grupo de bebês e crianças até um ano completo —em 2018, mesmo em queda, 3 das 9 principais indicadas a esse grupo atingiram o patamar ideal. Em outros momentos, o Brasil também chegou a ter até sete vacinas com cobertura dentro do ideal, com as demais próximas desse cenário.
Apontado como fator para uma queda na vacinação também no restante do mundo, movimentos antivacina ainda são vistos como fracos no Brasil. Mas as declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro de que ninguém é obrigado a se vacinar contra Covid-19, no entanto, têm levantado polêmica por seu potencial antivacinação. Uma coisa é falar enquanto adulto consciente, que não quer se vacinar, seja lá qual vacina. Outra coisa, e extremamente grave, é endossar um discurso com comentários jocosos contra um sistema de imunização que já foi reconhecido internacionalmente por conta de sua alta cobertura.
São as nossas crianças que estão em risco.