Aumento dos casos de violência doméstica. Feminicídios com números de epidemia. Renda básica em queda pela perda de emprego das mulheres chefes de família. Sobrecarga de trabalho doméstico. Que as mulheres são o grupo social mais afetado pela pandemia do coronavírus, não é novidade nenhuma.
A novidade veio com o anúncio do prefeito Cícero Lucena, recém empossado para gerir João Pessoa pelos próximos quatro anos. Um dos seus primeiros anúncios foi o de extinguir a Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, que se tornou uma coordenadoria vinculada ao gabinete do prefeito. Perde orçamento, autonomia, poder e visibilidade.
O movimento de mulheres na Capital possui uma significativa lista de nomes com experiência, competência e articulação política necessárias para assumir a pasta. O que falta é vontade política, o que falta é interesse nesse tema. Seguindo o caminho do conservadorismo extremo, a nova Prefeitura de João Pessoa não considera que as mulheres mereçam uma secretaria com gestão, dotação orçamentária e autonomia. Cidadãs de segunda classe.
Voltaremos, enfim, aos tempos em que as violências sofridas pelas mulheres se limitam ao contexto meramente doméstico. Quando as manchetes sobre feminicídios e violência são jocosas e sexistas. Nada sobre empoderamento, nada sobre políticas implantadas, serviços de apoio e proteção… O que nos resta?
Taty Valéria