É tudo tão inacreditável que só é possível acontecer porque vivemos no Brasil. Tente acompanhar essa história:
Na última quarta-feira (13), o governo brasileiro anunciou o envio de um avião para buscar as 2 milhões de doses da vacina contra a covid-19 produzidas na Índia. O imunizante é desenvolvido pela AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford e, no Brasil, com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A ideia era que a carga chegasse ao país no sábado, véspera do anúncio da Agência Nacional. Um Airbus da companhia aérea Azul sairia na quinta-feira (14) do Aeroporto do Recife, em um voo de 15 horas sem escalas. O pouso aconteceria no sábado, no Rio de Janeiro, de onde as vacinas seriam distribuídas por todo o país.
Mas houve um atraso. O Ministério da Saúde (MS) informou, ainda na quinta-feira (14) que o avião previsto para decolar de Recife às 15h, só sairia à noite. O motivo? O atraso na partida pode ter ocorrido para que fosse possível adesivar a fuselagem do avião, um Airbus A330neo, em alusão à campanha de imunização do governo federal. Isso mesmo, o voo atrasou para que o Governo Federal pudesse fazer sua pirotecnia de sempre. O avião finalmente saiu do Aeroporto de Campinas, na tarde da quinta-feira e está agora parado em Recife.
Como se atrasar um voo dessa importância para fazer merchand já não fosse grave o suficiente, a capotada chegou no meio na noite: O jornal indiano Hindustan Times afirmou que o Brasil se precipita em enviar um avião para buscar vacinas no país, já que as decisões sobre a exportação dos produtos ainda não foram tomadas. Ainda de acordo com o Hindustan Times, suprimentos contratados por países estrangeiros, incluindo o Brasil, seriam fornecidos pela Índia no devido tempo, embora um prazo para isso ainda não tenha sido finalizado.
Ou seja… o avião está indo buscar uma encomenda que não está pronta.
O plano estadual de imunização, enviado também na quinta-feira pela Secretaria de Estado da Saúde – PB incluiu essas vacinas em seu planejamento, assim como todos os planos de todos os estados brasileiros.
Depois de dizer que a campanha nacional de imunização no Brasil começaria no dia D e na hora H, o governo de Bolsonaro deu mais uma prova que não tem ideia do que está fazendo, isso na melhor das hipóteses. Seria menos indigno ter um presidente apenas limitado, e não um genocida. De qualquer modo, ele continua a tratar os brasileiros como palhaços. Se antes nós éramos a plateia – imersa em letargia – que assistia à esse espetáculo grotesco, agora fazemos parte do show.