Uma cena triste para quem passeia pela orla de João Pessoa, é encontrar a estátua de Iemanjá vandalizada. Desde 2016, a estátua de que fica na Praia do Cabo Branco, foi decapitada e posteriormente teve os dedos retirados. Apenas tentem visualizar a mesma situação com a imagem de Nossa Senhora da Penha… São duas representações simbólicas de fé, e nenhuma delas merece ser destruída, mas porque a depredação de Iemanjá não gera indignação?
Esse tipo de ato, comum em santuários e imagens não cristãs, não causa revolta nem comoção pelo simples fato de que a intolerância religiosa ainda reina no nosso Estado, e no país.
E por isso, neste dia 21 de janeiro, o Paraíba Feminina levanta a bandeira do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa para alertar a todos que a diversidade religiosa é um direito constitucional de todos, e é uma obrigação, também constitucional, respeitar as crenças e credos alheios. Criado por meio da Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, sancionada pelo então presidente Lula, a data é um reconhecimento do próprio Estado da existência do problema.
A Constituição prevê a liberdade de religião e a Igreja e o Estado estão oficialmente separados, sendo o Brasil um Estado laico. Mas com a ascensão do bolsonarismo e, consequentemente, da bancada evangélica, ficou ainda mais difícil exercer sua própria fé, ou falta dela, seja lá no que você acredita, ou não. A legislação brasileira proíbe qualquer tipo de intolerância religiosa, mas quando presenciamos atos de natureza violenta contra qualquer religião, vemos que não é bem assim que funciona…
Viver num estado democrático de direito requer ônus e bônus. O bônus de poder bater seu tambor, rezar seu terço, orar em voz alta, receber seu passe… E o ônus de saber mesmo que seu vizinho não acredite na sua crença, você não pode pode fazer nada em relação à isso.
Tolerância, essa é a palavra.
Estamos longe de atingir um nível de respeito, integração e liberdade religiosa que a civilização moderna exige. Mas seguimos aqui, homenageando toda a diversidade. Mas em nome das religiões de matrizes africanas, que são as que mais sofrem preconceito, nossa sincera homenagem.
da redação