Você está internada num hospital com covid-19. No meio da madrugada, acorda com um técnico de enfermagem no seu quarto, pedindo que faça silêncio, enquanto ele começa a te tocar, sem que você permita! Apesar de conseguir pedir ajuda e fazer a denúncia. Mesmo a justiça não autoriza uma medida protetiva e o técnico continua trabalhando normalmente, no mesmo hospital.
Foi o que aconteceu Mato Grosso do Sul, quando a justiça não acatou o pedido de medida protetiva contra um técnico de enfermagem, suspeito de estuprar uma paciente, de 36 anos. O crime ocorreu no início do mês de fevereiro, no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HR-MS) e, na ocasião, a vítima estava internada para o tratamento de Covid-19. Ele também continua atuando na unidade hospitalar.
A delegada Maíra Pacheco, responsável pelas investigações, disse que soube que o pedido foi indeferido e agora aguarda a chegada de laudos, além de mais pessoas intimadas para depoimento. Há uma semana, o suspeito foi até a delegacia para reconhecimento, momento em que a vítima o apontou “sem sombra de dúvidas” e ele foi indiciado pelo crime de estupro de vulnerável.
“Estou indignada, mas ainda pelo fato dele nem ter sido afastado do trabalho. Esse homem é uma bomba. Ele pode fazer mais vítimas. O que ele fez com minha filha pode fazer muito mais”, lamentou a mãe da vítima, de 56 anos.
Em nota, o HR-MS disse que foi aberto sindicância para apurar os fatos e “quaisquer informações adicionais serão repassadas após a apuração”. Além disso, o hospital reiterou que todos os casos de supostas infrações nos diversos campos, administrativo e assistencial, se pautam nos ditames éticos e legais vigentes para tomada de providências.
Entenda o caso
Internada por cerca de 15 dias no mês de fevereiro, com o diagnóstico de Covid-19, a paciente gravou um áudio e pediu para a mãe levar até a delegacia, denunciando suposto crime no hospital. No depoimento, ela disse que o suspeito se apresentou durante a madrugada e disse que ia cuidar dela. A noite, porém, “foi de terror”, ainda conforme o relato da mulher.
Segundo a denúncia, a mulher diz que percebeu o crime quando começou a sentir frio e o suspeito teria retirado a coberta, pegado um óleo e dito a ela que “era bom em massagem”. “Eu não conseguia nem entender, falar direito e ele derramou o óleo e senti os dedos dele. Fiquei desesperada, ele pedia calma, pedia para não chamar a atenção e comecei a tossir muito até que outra enfermeira chegou e perguntou o motivo dele estar ali com a luz apagada. Aí depois veio o médico, ele ainda ficou ali um tempo com medo de eu falar algo, até que minha mãe ligou e eu consegui contar por cima”, relembrou.
Após a ligação, a mulher disse que recebeu a visita de uma assistente social, além de outras profissionais que a acalmaram. Em seguida, ela gravou um áudio e a mãe registrou um boletim de ocorrência por estupro de vulnerável.
Polícia solicitou câmeras do hospital
A Polícia Civil instaurou inquérito na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e solicitou imagens de câmeras do hospital, além de pedir a escala de plantão do dia 4 de fevereiro, data da denúncia do crime.
A investigação também já ouviu 9 pessoas no inquérito de estupro no HR, entre elas quatro enfermeiras que atuam no hospital e cuidaram da paciente e os dois enfermeiros suspeitos do crime.
com informações do G1
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