Formado por 4 atrizes, o Madeirite Rosa tem uma trajetória calcada em ocupar as ruas, levando teatro e discussões importantes por meio do riso. Com a pandemia, o grupo que sempre baseou sua pesquisa teatral em espaços populares, como feiras, terminais urbanos e a rua, se viu obrigado a repensar seu jogo com o público e assim surgiu a versão online de A Luta, que será apresentada ao público a partir de 5 de março.
A Luta parte da recriação de esquetes clássicas de humor, em uma versão alongada, dando forma a discussões e questões sociais atuais. Em cena, o público vê um ringue de boxe onde enfrentam-se duas oponentes: a bem-sucedida Sra. S.A. Corporation e a faxineira do ringue, Maria da Luta. A mediação do embate é realizada pela Narradora e por Dra. Norma, a juíza. Entre músicas, narrativas e palhaçadas, Maria da Luta cria estratégias para garantir sua sobrevivência e vê o ringue transformar-se em diferentes espaços do cotidiano e da imaginação.
As atrizes Cristiane Lima, Fernanda Donnabella, Liz Nátali e Rafaela Carneiro dividem a cena, bem como também assinam a direção, dramaturgia, figurinos, cenografia e músicas. A peça, que estreou em 2015, já circulou por diversos locais e foi apresentada também no México, sempre buscando ir até o público em lugares marcados por lutas sociais, um dos motes do teatro do Madeirite Rosa.
Das ruas para as telas
Acostumadas ao jogo e contato com o público, as atrizes do Madeirite Rosa precisaram se reinventar e olhar para A Luta dessa maneira. “Fizemos um experimento no final do ano, buscando como adaptar para o online e fomos ao longo dos meses tentando recriar o que fazíamos nas ruas para esse novo ambiente e público. O online delimita um recorte de público diferente, pois sabemos que se, por um lado, o alcance é maior, por outro, nem todos possuem o acesso. São 3 câmeras: uma focada no plano mais geral e duas que pegam detalhes e nos permitem interagir, mesmo que de maneira virtual, com a plateia”, explica Rafaela Carneiro.
A ideia era não descaracterizar a montagem, mas o grupo também não queria fazer uma simples versão gravada do espetáculo. As únicas alterações foram no sentido dessa adequação de linguagem para o vídeo, porém, a essência da peça é a mesma. “Desde o início do grupo, tentamos trazer o teatro de maneira simples, abordando pelo humor temas que nem sempre são fáceis de serem tratados porque envolvem situações penosas. Além disso, queremos que o público veja as cenas e perceba que ele também pode fazer teatro”, conta Fernanda Donnabella.
No caso de A Luta, as artistas foram buscar inspiração em trabalhos de Charles Chaplin, Buster Keaton, Gardi Hunter, Trupe Lona Preta e outros. Assim como eles, o grupo busca alegorias e metáforas para retratar uma sociedade desigual. A luta de boxe é um mote metafórico para falar sobre a luta de classes.
Sobre o Madeirite Rosa
O grupo Madeirite Rosa é formado por quatro experientes artistas mulheres que possuem longa experiência profissional nas áreas de atuação, direção, dramaturgia, cenografia, figurino, música e composição. Juntas desde 2013, pesquisam a junção entre comicidade e leituras críticas da sociedade na linguagem teatral. O grupo investiga também o riso pela perspectiva de mulheres em cena, buscando ampliar o imaginário para além das majoritárias referências de comicidade masculina e construir sentidos e criações a partir dos vários significados de um riso provocado por mulheres. Além de A Luta (2015), o grupo também produziu Descatraca (2013), O Julgamento (2013), Estrela da Noite (2014), Medo (2017), Cortejo da 8ª Mostra Bagaceira (2019), junto a artistas parceiros e à Trupe Lona Preta, e Histórias Populares E Objetos Encantados (2020).
Serviço
A LUTA – Sextas-feiras de 5 de março a 16 de abril, às 17 e às 18 horas, pelo www.facebook.com/madeiriterosa. Duração – 45 minutos. Classificação – Livre. Atuação, Direção, Dramaturgia, Figurinos, Cenografia, Músicas – Cristiane Lima, Fernanda Donnabella, Liz Nátali e Rafaela Carneiro Produção – Rafaela Carneiro e Fernanda Donnabella. Ingressos: grátis.