Pelas ruas pavimentadas e as de terra batida do Conjunto Mário Andreazza, em Bayeux, o vai e vem de várias mulheres que lutam pela igualdade de gênero tem feito a diferença ao acolher, orientar e encaminhar muitas dessas mulheres para a rede de enfrentamento à violência doméstica. São Danielas, Irenildas, Josefas, Marias. Muitas Marias reencontrando sentidos na vida por conta da atuação de educadoras e militantes que atuam em defesa dos direitos das mulheres.
Construído às margens da BR-230, o Conjunto Mário Andreazza possui uma população de aproximadamente 18 mil pessoas. Desse contingente, em torno de 36% é de uma população juvenil, mais vulnerável à violação de direitos. Mas, isso não impede que os números de violência de gênero sejam preocupantes.
De acordo com Diagnóstico das Ocorrências de 2020, a violência doméstica no bairro chegou a 79 ocorrências, o que representa 10,9% do total dos chamados. Os dados fazem parte do monitoramento que a 4ª Companhia Independente de Polícia Militar. O capitão Alexandro de Souza Silva explicou que a PM integra a Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher e o levantamento feito tem sido fundamental para saber as áreas em que tem ocorrido casos de violência contra as mulheres. “A viatura vai até o local da chamada e os policiais orientam a vítima quando não há o flagrante ou conduzem as partes para a Delegacia da Mulher. Com esse monitoramento das ocorrências tem sido possível conhecer esse aspecto da violência e traçar estratégias de prevenção, inclusive, junto à Rede de Enfretamento à Violência Contra a Mulher, da qual a Polícia Militar faz parte”, frisou.
Dada à complexidade do assunto, o Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste (SPM-NE) e o Centro de Mulheres Jardim Esperança coordenam a Rede Carolinas, que integra entidades governamentais e não-governamentais para atuarem na defesa dos direitos da mulher e discutir toda a parte da política pública. O Centro da Mulher Jardim Esperança também oferta às mulheres do bairro atividades físicas com policiais militares da Unidade de Polícia Solidária.
A educadora e representante do Serviço Pastoral dos Migrantes Nordeste na Rede Carolinas, Íris Silva, reforça que a rede é uma grande articulação para que a política da mulher esteja integrada e toda a rede socioassistencial tenha um funcionamento integrado, atendendo às necessidades das mulheres. “Nosso intuito é o de minimizar a questão da violência no município de Bayeux, empoderando e fortalecendo essas mulheres para que elas saiam e quebrem o círculo da violência a partir das denúncias feitas junto às ferramentas de políticas públicas que estão garantidas para as mulheres”, frisou.
É por conta do trabalho de mulheres quase anônimas, educadoras sociais, gestoras públicas integradas nessa rede que o trabalho de acolhimento, orientação e encaminhamento tem se fortalecido diante da violência contra a mulher.
A coordenadora do Centro de Mulheres Jardim Esperança, Maria Jucelina de Lima, explicou que o espaço atende mulheres que são vítimas da violência doméstica diariamente. “Um dos maiores desafios é receber essas mulheres diariamente aqui em nosso espaço e encaminhá-las para os órgãos competentes e muitas das vezes ainda existem falhas, o que dificulta o nosso trabalho”, disse.
Acompanhe alguns depoimentos e se emocione junto com a gente:
Maria das Dores da Silva Lima, 63 anos, aposentada:
Leonilda França dos Santos, 59 anos, catadora de material reciclável:
Daniela Barbosa, 45 anos, integrante do Centro da Mulher:
Irenilda Belmiro, 65 anos, aposentada: