Carla, amiga, deixa eu te falar umas coisas.
As meninas estão muito bravas contigo aqui fora. Você teve uma oportunidade única de acompanhar o que os seus amigos falavam, incluindo seu boy. Achávamos que tu ia voltar pra Casa determinada a botar um fim nesse namoro.
Quando você voltou, teus amigos correram pra te abraçar e te pegar no colo. Teu boy ficou parado com cara de bunda. Depois ele foi até você, e quando já estava de costas, você se ajoelhou e fez aquele pedido romântico e carente. Aqui de fora, deu vergonha alheia. Aqui de fora nos questionamos sobre o que você viu. Nos perguntamos, como é possível que ela não tenha visto ou ouvido o que ele falou?
Mas eu vou te defender. Nós também passamos por isso uma infinidade de vezes.
Nós também escolhemos o que queremos ver e ouvir, mesmo que esteja lá, na nossa frente. Mesmo que as amigas nos digam. Mesmo que alguém nos alerte: “esse boy é um lixo!” Lá no fundo a gente sabe que ele é um lixo, mas abstraímos, e fazemos isso porque existe uma força sobrenatural que nos impele a pensar que com a gente, vai ser diferente, mas nunca é.
Nós também já passamos vergonhas públicas. Já choramos na balada porque ele paquerou outra; ou foi embora sem se despedir; ou naquelas vezes que ele nos deixou plantadas em casa esperando; ou desmarcou nosso encontro pra ficar com os amigos e brigou quando dissemos que queríamos ficar com as nossas amigas. Sim, é isso que eles fazem: deixam que a gente pense que o problema é nosso.
Nós também culpamos outras meninas. Nós também achamos que a culpa é sempre da moça, aquela que não sabe nem que ele tem uma namorada, e que às vezes até sabe, mas não é ela que tem compromisso com gente, né? Enfim.
É muito fácil te acusar de ser cega, de tentar insistir numa coisa que não existe mais, ou que se quer, existiu. A gente se apega àquilo que planeja, e mesmo que esteja tudo dando muito errado, continuamos insistindo porque assumir esse tipo de fracasso dói. E dói não só pelo sentimento que a gente tem, dói pela falta de reciprocidade, pela canalhice, pela ausência de verdade e transparência. Mas eu jogo outra pergunta: Estamos prontas pra ouvir a verdade?
“Eu não gosto realmente de você, eu só queria me divertir um pouco e ouvir uma conversa legal de vez em quando”. Você estaria pronta pra isso?
Quem nunca viveu um relacionamento de uma via só? A carência é uma doencinha muito astuciosa, faz você se encostar na primeira oportunidade aparentemente aceitável. O problema é que os limites pessoais vão ficando cada vez mais elásticos, e quando você diz que “não aceita mais isso”, e depois, aceita, ferrou. Aí é só ladeira abaixo.
E esse tipo de boy lixo nasce com um chip específico pra lidar com esse tipo de situação. Ele vai se enfadar de você, mas vai continuar segurando a corda porque sabe que você é um lugar seguro. No seu caso, Carlinha, uma oportunidade de não sair do jogo.
É possível que você volte à vida aqui fora antes dele. Ou não. A questão é que talvez, nem assim, tu consiga perceber, porque isso só acontece quando a gente quer que aconteça. Nenhuma amiga, por mais próxima e amada que seja, vai conseguir te convencer de nada.
E por fim, tente absorver algo construtivo disso tudo. Não estamos aqui pra te julgar porque nós também fomos feitas de trouxas muitas vezes, mas queremos sim, com toda nossa força de vontade, que você supere isso e entenda que a culpa não foi sua. Talvez o maior legado que você vai deixar na sua passagem pelo BBB é mostrar para todas nós que sim, somos passíveis de erros grotescos, mas que a gente aprende a dar ouvidos à nossa intuição, porque no final das contas, ela sempre nos avisa.
Beijos e até a próxima novela!