A pandemia do coronavírus poderia levar 10 milhões de meninas a se casar até 2030, que se somariam às 100 milhões consideradas em risco de fazê-lo ao final da década, alertou o Unicef.
Estes casamentos de meninas e adolescentes menores de 18 anos são consequência de fatores vinculados à crise da Covid-19, principalmente o fechamento de escolas, a deterioração da situação econômica, as interrupções dos serviços públicos e a morte de seus pais, afirmou o Fundo Mundial das Nações Unidas para a Infância.
“A covid-19 piorou uma situação já difícil para milhões de meninas”, disse a diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore, em um comunicado. “Mas podemos e devemos pôr fim ao casamento infantil”.
No entanto, a pandemia ameaça os avanços realizados na questão durante a última década, na qual a proporção de jovens casadas antes dos 18 anos passaram de uma em cada quatro para uma em cada cinco em todo o mundo, ou seja, cerca de 25 milhões de casamentos puderam ser evitados.
“Devemos tomar medidas imediatas para limitar as consequências (da pandemia) para as meninas e suas famílias”, disse Fore.
“Reabrindo as escolas”, “garantindo o acesso à atenção pública e aos serviços sociais” e “fazendo cumprir as leis e com políticas adequadas podemos reduzir o risco de que o casamento roube a infância de uma menina”, disse.
Segundo o Unicef, 650 milhões de meninas e mulheres de todo o mundo se casaram antes de completar 18 anos.
Metade destes casamentos ocorreu em cinco países: Bangladesh, Brasil, Etiópia, Índia e Nigéria.
De acordo com cifras publicadas em 2020 pelo Unicef, a proporção de meninas e adolescentes casadas antes dos 18 anos alcançou 76% no Níger e 68% na República Democrática do Congo.
A proporção de meninos casados antes dos 18 anos é apenas um sexto da observada entre as meninas.