O “título” de segunda cidade mais verde do mundo, ou mais verde do Brasil, foi “aclamado” em 1992 pelo então prefeito de João Pessoa Carlos Mangueira, durante a Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento, a Eco-92, no Rio de Janeiro. Numa entrevista em 2017, o ex prefeito explicou que a constatação foi do publicitário Carlos Roberto de Oliveira e “fundada em dados empíricos”, mas admite que não houve levantamento científico para comprovar a informação.
O fato é que essa virou a fake news de estimação de todo pessoense, mas informação está muito longe de ser verdadeira.
Um levantamento feito pela Fundação Arbor Day e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) identificaram as cidades reconhecidas por meio do programa Cidades de Árvores do Mundo.
O estudo aponta 120 cidades em todos os continentes e a capital paraibana não aparece entre as tais. Se formos considerar somente o Brasil, três cidades são cidades no ranking, mas, mais uma vez João Pessoa não aparece entre as cidades contempladas.
Não são poucas as ações danosas praticadas pelo homem que vem prejudicando e muito o ecossistema que existe dentro da capital paraibana. Um trabalho organizado por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no ano passado identificou verdadeiras ameaças na cidade, sendo que os rios Gramame, Jaguaribe e Sanhauá, além das falésias de Cabo Branco estão em verdadeiro estado de colapso.
Segundo o estudo, a falta de saneamento ambiental e a construção de obras e equipamentos públicos de grande porte, como o Centro de Convenções, a Reurbanização da Lagoa e o Parque Ecológico Sanhauá, estão entre os principais fatores que contribuem para essa degradação.
Sabemos o potencial e a quantidade de matas e florestas que cercam e compõem o ambiente urbano de João Pessoa. Em contrapartida, acompanhamos de perto a degradação provocada pela expansão habitacional e pela falta de consciência do nosso povo e governantes. É preciso ações enérgicas e urgentes para recuperar nossos rios e nossa flora. Não adianta viver de propaganda e, ao mesmo tempo, ver capitais como Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, despontarem em ranking que passamos a vida toda achando que estávamos. As outras cidades brasileiras do ranking são São Carlos e São José dos Campos, ambas em São Paulo.
da redação