A treta do “bem vindx” no Ministério da educação

By 23 de abril de 2021Brasil, Cultura

O uso de “x” faz parte da linguagem neutra, que propõe extinguir as terminações masculina (o) e feminina (a) e adotar “e” ou “x” no lugar. A ideia é usar uma terceira letra para abolir o gênero na língua, abrangendo pessoas que não se reconhecem no binômio masculino-feminino. Algumas pessoas usam “todes” ao invés de “todos e todas”. A discussão sobre o uso do termo pode servir de pauta para uma matéria, mas o que interessa aqui é outra coisa.

O termo “bem-vindx” aparecia numa apresentação sobre o Qualifica Mais, publicada no site do MEC. O projeto é voltado para trabalhadores de até 29 anos e oferece vagas gratuitas em cursos de qualificação profissional. O uso do termo acabou gerando mais uma indisposição entre conservadores e a pasta comandada por um pastor presbiteriano, Milton Ribeiro.

Em nota, o Ministério afirma que o material não foi produzido por ela, e, sim, por órgão parceiro dentro do programa. O termo foi retirado da publicação.

Alas conservadoras travam uma batalha para derrubar a nomeação da advogada Claudia Mansani Queda de Toledo para a presidência do Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão dedicado à pós-graduação. Na ala evangélica, ela é chamada de “feminista, paulofreireana e defensora da pauta LGBT”, o que para nós é motivo de orgulho, mas para a Gilead de Brasília, cabem como insulto.

O chefe do MEC, que não é conhecido por posições amigáveis à comunidade LGBTQIA+, já disse, por exemplo que a homossexualidade não seria normal e atribuiu sua ocorrência a “famílias desajustadas”.

Mesmo sendo evangélico, Ribeiro não tem respaldo expressivo no segmento. O ministro luta com fogo amigo dentro do próprio MEC, onde o secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, trabalha para desidratar sua gestão. Nadalim é aluno de Olavo de Carvalho, referência ideológica de bolsonaristas. Nesse caso, temos um sujo falando de um mal lavado.

Marco Feliciano, deputado federal, por exemplo, afirmou que “se essa mulher não for trocada até segunda-feira [26], eu vou entregar meu cargo de vice-líder do governo”. Se a demora é um tchau, a porta da rua é serventia da casa.

 

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