É fato que o município de João Pessoa tem avançado na cobertura de vacinação da Covid-19 para grupos cada vez mais abrangentes. Seria motivo de comemoração da população, mas há um porém. De acordo com dados públicos do Portal da Transparência da Prefeitura de João Pessoa, quase 70 mil pessoas do primeiro grupo prioritário, ainda não receberam a segunda dose.
Ainda de acordo com o Portal da Transparência, nesta sexta-feira (14), foram aplicadas 309.369 doses da vacina contra COVID-19 em João Pessoa. Destas, 210.725 receberam a primeira dose, e 98.644 receberam a segunda dose. Exceto os trabalhadores da saúde, que estão recebendo doses de outras vacinas, o primeiro grupo prioritário foi imunizado com a CoronaVac, do Instituto Butantã. Enquanto essas pessoas aguardam a dose de reforço, a SMS inclui novos grupos na vacinação, num claro descumprimento do PNI – Plano Nacional de Vacinação.
Alguns números são especialmente alarmantes. No caso dos idosos com mais de 60 anos, que vivem em instituições de longa permanência, 4.449 receberam a primeira dose, e apenas 989, a segunda: apenas 22% dos idosos recebeu a segunda dose.
Acompanhe os quadros abaixo:
Falta vacina?
O Portal da Transparência também aponta que, do dia 19 de janeiro, quando o município recebeu a primeira remessa da Coronavac, até o dia 09 de maio, quando chegou a última, foram entregues à João Pessoa 202.224 doses da vacina, o dobro do déficit de quem ainda não tomou a segunda dose. Em resumo: existia vacina suficiente.
O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público da Paraíba (MPPB) ingressaram com ação na Justiça Federal, com pedido liminar, nesta quinta-feira (13), para que seja determinado à Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) que suspenda imediatamente a vacinação de grupos não inseridos nas orientações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. Caso a ação seja acatada pela Justiça, a PMJP fica impedida de vacinar professores e demais trabalhadores da Educação, conforme antecipou o prefeito Cícero Lucena (PP).
A Secretaria de Estado da Saúde informou que as doses são distribuídas de acordo com a população dos grupos prioritários de cada cidade, cabendo aos municípios a aplicação e informação ao Plano Nacional de Vacinação.
Entramos em contato com a Secretaria Municipal de Saúde, por meio de sua assessoria, mas até o fechamento dessa edição, não recebemos resposta. O espaço segue aberto para esclarecimentos à população.