Postagem de escola reforça machismo: “O pecado da sedutora é muito maior que o da pessoa seduzida”:

Uma escola particular em Minas Gerais foi alvo de duras críticas nas redes sociais nesta terça-feira, dia 1º, após fazer uma postagem atribuindo à roupa da mulher a culpa por “seduzir’ um homem.

“Quando a mulher decide expor partes do corpo que deveriam estar cobertas se torna uma sedutora, partilhando assim a culpa do homem. De fato, os Teólogos ensinam que o pecado da sedutora é muito maior que o da pessoa seduzida“, dizia a publicação original, cuja fonte é o “Guia Mariano de Modéstia”, caracterizado como a “cruzada de Maria Imaculada pela Pureza”. (?????)

Nesse livro, o trecho usado foi retirado de uma parte que começa com a seguinte pergunta: “A mulher é, então, considerada como algo mau e que deve ser evitado?”. A resposta é dada de imediato: “Não!”, e prossegue: “Mas esta questão está inteiramente relacionada com o assunto”.

Chama atenção ainda que o guia culpa apenas o homem por “cair nas tentações da carne” se a mulher for “modesta”. Embora esteja assim descrito, a legislação brasileira contrapõe esta questão e um autor de assédio sexual ou estupro deve responder criminalmente por seus atos independentemente de qual vestimenta a vítima usou.

A declaração polêmica havia sido colocada nos Stories do Instagram do Colégio Recanto do Espírito Santo, @colegiores, e inicialmente despertou indignação de moradores da cidade de Itaúna, a cerca de 85 quilômetros de Belo Horizonte.

Diante da repercussão negativa, o post foi excluído. O perfil também incluiu um pedido de desculpas por abrir margem para interpretações com as quais não concorda.

“Olá, paz e alegria! Foi feita uma postagem indevida por quem administra nossas redes sociais. Apesar de concordarmos com a modéstia no vestir, o texto em questão deixou margem para interpretações que não são as do colégio. Pedimos desculpa. O post foi excluído. #nãoaoestupro #aculpanuncaédavítima”, afirma o comunicado, sem deixar claro se houve alguma medida tomada internamente a respeito do erro.

O caso é que a postagem não “deixou margem para interpretações”. A interpretação é uma só e só reforça a culpabilização das vítimas de assédio e estupro.

O médico brasileiro Victor Sorretino foi preso no Egito depois de assediar verbalmente uma mulher que estava coberta da cabeça aos pés. Em maio de 2019, um padre goiano foi excomungado pelo Papa Francisco acusado de assediar freiras e noviças. O que essas mulheres estavam vestindo?

 

Da redação, com informações do Globo

 

 

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