Pernambucana e radicada na Paraíba, a artista indígena Juliana Alves Xukuru participa da exposição da SP Arte, uma das mais importantes feiras de arte do mundo e a principal da América Latina. Um de seus trabalhos foi selecionado para exposição, que acontece em formato digital e acontece de 09 a 13 de junho.
Indígena do povo Xukuru Ororubá e Xukuru de Cimbres, do município de Pesqueira (PE), a artista tem atuação nas artes visuais e na pesquisa envolvendo as artes tanto em seu território originário, em sua aldeia, quanto em João Pessoa, na Paraíba, onde também atua como pesquisadora no grupo de Pesquisa em Ensino das Artes Visuais (GPEAV), na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
“Foi a partir deste ambiente de vínculo com a UFPB, desde a graduação em artes visuais e, principalmente, com a pesquisa de mestrado na mesma área, que me voltei para uma busca por um caminho de reflexão decolonial em meu trabalho, voltado principalmente para minha aldeia e meu povo Xukuru, buscando dialogar sobre as consequências da colonização por meio das imagens sobre o corpo das mulheres indígenas”, observou a artista.
Para a exposição, a curadoria foi feita por Barbara Milano, Ariana Nuala, Moara Brasil e Nutyelly Cena que, assim como Juliana Alves Xukuru, são integrantes do Levante Nacional Trovoa, que está na SP Arte como Galeria Nacional Trovoa, movimento de jovens artistas fundado em 2017, no Rio de Janeiro, que tem se expandido e está presente em todo o Brasil, sendo formado por artistas, curadoras e arte-educadoras racializadas.
“Essa questão de raça é muito importante e é um termo muito abrangente. Diz respeito à questão originária, à questão asiática, a todas as racialidades que passam pelo contexto a partir dos seus fenótipos, seus costumes”, destacou Barbara Milano. Este ano, o Levante realizou o primeiro censo para ter ideia de sua ocupação e do número de pessoas que o compõem. São mulheres de diversas idades, performers, fotógrafas, desenhistas, pintoras, criadoras de objetos a partir de técnicas diversas, tornando o coletivo diversificado em sua composição.
A SP Arte reúne anualmente as galerias mais influentes do circuito das artes e jovens expositores. Alguns, inclusive, se estabeleceram no mercado ao participarem do evento.
Mujeres Mirando Mujeres
Recentemente, Juliana Xukuru também teve sua trajetória nas artes apresentada em um trabalho realizado pela pesquisadora Maria Emília Sardelich, da UFPB, no evento internacional Mujeres Mirando Mujeres, em Madri na Espanha. Na ocasião, o trabalho da artista visual que será exposto na SP Arte também foi apresentado por Sardelich.
“A exposição foi gerada a partir da atual crise da covid-19 para homenagear aquelas mulheres que sacrificaram seu estilo de vida para sustentar suas famílias. Mulheres que, de maneira especial, foram afetadas pelos estragos da pandemia”, observou Sardelich.
O projeto ‘Mujeres Mirando Mujeres’ é liderado pela gestora e comunicadora cultural espanhola Mila Abadía, diretora da Plataforma de Arte Contemporânea Arte a un Click. O projeto teve início em 2015 com a intenção de dar visibilidade às artistas emergentes que enfrentam as dificuldades inerentes às desigualdades de gênero.
A pesquisadora destacou que a iniciativa evidencia que a produção de conhecimento artístico tem ultrapassado as tradicionais fronteiras dos espaços consagrados da arte, que vêm se ampliando com as redes sociais em que várias mulheres, de diferentes profissões, colaboram para diminuir as desigualdades existentes. O texto apresentado por Maria Emília Sardelich pode ser conferido em https://mujeresmirandomujeres.com/juliana-alves-xukuru-maria-emilia-sardelich-mmm/
com informações da assessoria