Músicas que homenageiam ou referenciam a cidade de João Pessoa estão na playlist do programa Espaço Cultural desta quinta-feira (5), quando a capital paraibana festeja 436 anos. A edição ainda terá um tributo a Genival Macedo (compositor de ‘Meu Sublime Torrão’, hino popular não oficial do município). Editado e apresentado pelo jornalista Jãmarrí Nogueira, o programa realizado pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) vai das 22h à meia-noite, somente com música da Paraíba, na Rádio Tabajara FM (105,5).
Os três primeiros blocos contarão com interpretações de grandes nomes da música paraibana, como Elba Ramalho, Cátia de França, Renata Arruda, Zé Ramalho, Chico César, Totonho e Mestre Fuba. Também Madalena Moog, banda 5 de Agosto, Bravo, Ton Oliveira, Vieira e Os Gonzagas, além de Sandra Belê, PS Carvalho, Iago Ayres, Eleonora Falcone, Pertnaz e Coral Livre Meninada.
No quarto e último bloco, a playlist terá canções compostas pelo paraibano Genival Macedo. Músicas com interpretações de Jackson do Pandeiro, Gilberto Gil, Claudionor Germano, Quatro Ases e um Coringa, Marinês, Os Cancioneiros, Valter de Andrade e Geraldo Azevedo.
O programa Espaço Cultural – que só toca música da Paraíba – pode ser ouvido pelo site https://radiotabajara.pb.
Genival Macedo – Compositor paraibano é considerado um dos precursores da modernidade na música brasileira e ainda um dos pioneiros no lançamento do trio elétrico no carnaval brasileiro em meados da década de 1940 (antes dos baianos Dodô e Osmar). É dele a canção ‘Meu Sublime Torrão’ (composta em 1937 e conhecida como hino não oficial da cidade de João Pessoa). O artista nasceu em 29 de março de 1921, em João Pessoa (PB), e faleceu no Recife (PE) no dia 18 de junho de 2008.
Na década de 1940, já na Rádio Tabajara, criou e dirigiu com Dulce Carneiro o programa radiofônico “Um instantâneo artístico da vida social de João Pessoa” que ia ao ar aos domingos com grande audiência da sociedade local. Envolvido com o carnaval de João Pessoa criou em 1941 o “Palácio do Frevo”, uma caminhonete com um serviço de som amplificado que saía pelas ruas da cidade na época do carnaval tocando músicas carnavalescas e que se constituiu num precursor dos trios elétricos. Desfilou durante três anos pelas ruas de João Pessoa com o Palácio do Frevo.
Em 1942, compôs o frevo “Soltaram a onça” em homenagem à Banda da Polícia Militar que tocava todo domingo pela manhã na Praça João Pessoa. Esse frevo tornou-se sucesso no carnaval local sendo constantemente executado. Na mesma década compôs para o carnaval de João Pessoa, entre outros, os frevos “A melhor das três”, “Rebeca” e “E o vento levou” que fizeram sucesso no carnaval da cidade, tendo sido incorporados ao repertório da Orquestra Tabajara do maestro Severino Araújo.
Em 1947, teve sua primeira composição gravada, o samba “Diana”, em parceria com Jorge Tavares, pelo conjunto vocal Quatro Ases e Um Coringa. Teve composições registradas, entre outros, por Jackson do Pandeiro, Carmélia Alves, Expedito Baracho, Os Cancioneiros e Gilberto Fernandes. No início da década de 1950, atuou como repórter do jornal Última Hora do Rio de Janeiro.Em 1951, Carioca e sua Orquestra gravou o frevo “Vou ficar em Pernambuco”, e Onésimo Gomes a canção “Náufrago do amor”, parceria com Popeye do Pandeiro.
Copacabana – Em 1953, o cantor pernambucano Claudionor Germano gravou pela Copacabana o frevo-canção “História de pierrô”, parceria com Hilário Marcelino. No mesmo ano, teve o frevo “Micróbio do frevo”, que se tornaria um clássico do gênero, gravado pelo cantor Jackson do Pandeiro em disco da gravadora Copacabana. Em 1954, compôs com Nestor de Paula o coco “A mulher do Aníbal”, grande sucesso na voz de Jackson do Pandeiro.
No mesmo ano, Gilberto Fernandes gravou o samba “Garota do balcão” e o bolero “Amargura”, ambos de parceria com Ari Monteiro. Em 1955, o grupo vocal Os Cancioneiros gravou a guarânia “Saudade”, parceria com Inaldo Vilarim, e Jackson do Pandeiro o frevo “Micróbio no frevo”. No mesmo ano Os Cancioneiros gravaram a toada “Velho Ceará”. Em 1956, Carmélia Alves, a Rainha do Baião, gravou o frevo “Saudades de Pernambuco”, parceria com Rosa de Oliveira, e Claudionor Germano, o samba “Agora é tarde”.
Em 1957, teve outro sucesso na voz de Jackson do Pandeiro, o rojão “O crime não compensa”, parceria com Eleno Clemente. Em 1958, Expedito Baracho gravou o frevo-canção “Casado não pode”. Em 1959, compôs com Dozinho o baião “Menino de pobre”, gravado por Os Cancioneiros. Em 1964, compôs o tema oficial paraa campanha do ex-presidente Juscelino Kubitschek à presidência da Repúlica em 1965, o que acabou não ocorrendo devido ao golpe militar de 1964. Em 1972, através de Lei Municipal, seu samba-exaltação “Meu sublime torrão” tornou-se o Hino Popular Oficial da cidade de João Pessoa.
Tributo – Em 2009, foi lançado pelo Sesc o “Tributo a Genival Macedo” com um encarte com textos de Renato Phaelante Câmara, Antonio Vicente Filho, José Teles, Eurico Rodolfo de Araújo Filho e outros falando sobre sua vida e obra. Juntamente foi lançado um CD com 14 composições suas: “Micróbio do frevo” que recebeu duas interpretações – uma de Kelly Benevides, Rosana Simpson, Cláudia Beija, Vanessa Oliveira e Nena Queiroga, com arranjos de metais do maestro Clóvis Pereira e acompanhamento da Spok Frevo Orquestra, – e outra na voz de Gilberto Gil; “Cigana mentirosa”, “Saudade de Pernambuco” e “Casado não pode”, com Geraldo Azevedo; A mulher do Aníbal” com o grupo Lampiões e Maria Bonita; “Meu sublime torrão” na voz de Elba Ramalho; “Manhãs de esperança” com Bento Rezende; “Garota do balcão” com Geraldo Maia; “Canção do amor ausente”, na voz de Patrícia Moreyra; “Agora é tarde”, na voz de Walmir Chagas; “Mundo de intriga”, na de Expedito Baracho; “Final de amor” na gravação de Cláudia Beija; “Cidade jardim” na de Eliane Ferraz; “Rio, cidade amor” com Claudionor Germano, e “Campina Grande” que recebeu gravação de Expedito Baracho.
da Secom/PB