Não se fala em outra coisa. O deputado estadual Jessé Lopes, do PSL de Santa Catarina compartilhou uma foto com Marco Antonio Heredia Viveros, ex-marido de Maria da Penha, e afirmou que sua história é “intrigante”.
Marco Antonio Heredia Viveros tentou assassinar Maria da Penha com um tiro nas costas. A manteve em cárcere privado, e tentou eletrocutá-la, já tetraplégica, no chuveiro elétrico. Antes disso, espancava a esposa e as três filhas pequenas. Só 8 anos após a primeira tentativa de homicídio, Marco Antonio é condenado a 15 anos de prisão, mas esse julgamento foi anulado. Em 1996, ele é condenado a 10 anos e seis meses, mas ganha o direito de recorrer em liberdade e a pena é reduzida para 8 anos. Em 2002, dezenove anos e cinco meses depois do crime, Marco Antonio finalmente é preso enquanto dava aulas numa universidade. Passou 16 meses em regime fechado. Em 2004, começou a cumprir o restante da sua pena no semi-aberto.
Nesse meio tempo, enquanto se beneficiava da morosidade da Justiça e enquanto o Estado Brasileiro era responsabilizado pela falta de punição para homens abusivos, Marco Antonio casou duas vezes e teve mais duas filhas. Essas duas ex-esposas também foram vítimas de violência doméstica. Até 2017, ele morava numa pensão apertada e fedida em Natal, Rio Grande do Norte. Para mais informações, leia aqui.
Jessé Lopes foi eleito em 2018 com pouco mais de 30mil votos. Assim como tantos outros desconhecidos, se aproveitou da onda bolsonarista, seguindo o mesmo perfil do seu “mito”: falas grosseiras, debates torpes e discursos vazios de conteúdo.
Sobre assédio sexual, chegou a afirmar que “que ser assediada é um direito da mulher”, e que ações de combate são “inveja de mulheres frustradas por não serem assediadas nem em frente a uma construção civil”. Em resumo, é uma semi-celebridade do baixo escalão que, na falta de produtividade parlamentar, sobrevive de “polêmicas”. (e é por isso que não iremos expor suas redes sociais)
Até 2017, Marco Antonio Heredia Viveros morava num quarto de pensão em Natal, no Rio Grande do Norte. Vivia da ajuda de conhecidos e reclamava de, às vezes, não ter dinheiro para almoçar. O espaço de tempo entre 2017 e 2021 segue um mistério, mas a vida de Marco Antonio obviamente deu uma melhorada, e ele teve a oportunidade de viajar até Santa Catarina, na outra ponta do país, para ser recebido por um deputado estado na Assembleia Legislativa.
A pergunta que fica, para além da indignação, é o que está por trás disso?
Quem financiou essa viagem e proporcionou esse encontro? O que fez esses dois homens, afastados pela geografia e pela história, se encontrarem num ambiente oficial?
da redaçã