O IBGE divulgou os novos números da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), onde estudantes do Brasil inteiro, entre 13 e 17 anos, responderam a um questionário que aborda diversos aspectos de suas vidas pessoais, que vão desde a alimentação e higiene, estrutura das escolas, até o uso precoce de álcool, drogas e questões envolvendo violência sexual. Mesmo tendo sido realizada antes da pandemia, em 2019, uma das questões importantes que a pesquisa levanta com seus dados é em relação à necessidade de atenção quanto à saúde física e mental dos jovens, sobretudo das meninas. De modo geral, elas aparecem como maioria entre os estudantes que apontaram sedentarismo, consumo de bebida alcoólica, bullying, abusos sexuais, dificuldade de aceitação do corpo, entre outros pontos sensíveis.
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No contexto da pandemia, os pesquisadores reforçaram que o estudo — em sua 4ª edição — chega para cumprir um novo papel, de fornecer ao poder público informações imediatamente anteriores à Covid-19, o que segundo eles, ajuda a traçar importantes parâmetros para o direcionamento de políticas públicas de recuperação da saúde desses jovens e adolescentes. A pesquisa mostra, por exemplo, que 13,8% dos adolescentes afirmaram que nunca ou raramente lavam as mãos antes de comer; hábito impensável hoje,em tempos de pandemia. Além disso, apenas 61,5% estudam em escolas que informaram possuir pia ou lavatório em condições de uso — quase todas nas instituições privadas.
“Essa casualidade infeliz que tivemos de ter a PeNSE imediatamente antes da pandemia acho que é o fator mais importante. Ou seja, como avaliar aqueles fatores de risco e problemas que já existiam e eram importantes para esses adolescentes pré-pandemia e que se agravaram sobremaneira durante a pandemia e que precisam urgente de providências no sentido de serem enfrentados?” comentou Marco Andreazzi, gerente de Estatísticas da Saúde do IBGE. “Questões tão simples, como ter pia, água e sabão para lavar as mãos, que podem parecer irrelevantes, ganham importância ainda maior nesse momento. Assim como as questões de saúde mental, violência, atividade sexual, álcool. Todos esses fatores sofreram e sofrem uma influência muito grande das condições de vida do adolescente”.
O PeNSE analisou questionários preenchidos por 125.123 alunos de 4.242 escolas visitadas Brasil à fora através de uma espécie de smartphone do órgão. A pesquisa estima que havia naquele momento no país 11.851.941 estudantes entre 13 e 17 anos frequentado colégios do 7º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio: 7.665.502 adolescentes entre 13 a 15 anos (64,7%), e 4.186.439 jovens entre 16 e 17 anos (35,3%). Entre eles, as meninas aparecem como ligeira maioria: pouco mais de 6 milhões, contra 5.844.398. A maior parte dos estudantes é matriculada em escolas públicas (85,5%).
Neste tópico, em que, entre outras coisas, a pesquisa analisa se alguém tocou, manipulou, beijou ou expôs partes do corpo contra a vontade do aluno, 20,1% das meninas entre 13 e 17 anos indicaram já ter sofrido algum tipo de abuso sexual deste tipo, contra 9% dos meninos. A maioria das garotas que assinalaram já ter sido abusadas estão na faixa etária entre 16 e 17 anos, tanto entre as escolas públicas, quanto nas particulares. Entre todos os estudantes que disseram ter sofrido algum tipo de abuso.
Segundo os cientistas, comportamentos adquiridos na adolescência tendem a se perpetuar na vida adulta, com consequências para a qualidade de vida, o que também reforça a importância do inquérito.
com informações do portal O Globo