Privação de sono de novas mães pode acelerar o envelhecimento, diz estudo

By 14 de setembro de 2021Especiais, Lute como uma garota

Adoramos pesquisas que comprovam aquilo que já sentimos na prática. As mães, especialmente as de primeira viagem, já sabiam que a chegada de um bebê pode afetar de forma muito drástica o sono, a concentração, a saúde, etc, etc. Mas essa privação de sono pode, também, acelerar a velhice.

Uma pesquisa recente, realizada na Universidade da Califórnia e publicada na revista científica Sleep Health, mostrou que a falta de sono de mães nos primeiros seis meses após o nascimento de seus filhos pode acelerar o envelhecimento da células.

Após o acompanhamento, a pesquisa mostrou que as mães que dormiam menos de sete horas por dia tinham a idade biológica de 3 a 7 anos mais velha do que aquelas que mantiveram o sono saudável.

Nas mães que alegaram ter o sono privado, foi observado um encurtamento do telômero. “O telômero é um pedaço do cromossomo e, quando há o encurtamento, isso indica um sinal de envelhecimento celular”, explica Helena Hachul, ginecologista e pesquisadora do Instituto do Sono.

A exaustão materna no pós-parto é um fato, lembra a médica. “Quando você é médico e está em um plantão, uma hora ele termina e você passa o turno para o próximo. Já com o neném, não tem o que fazer, não tem um sono contínuo por meses. A cada 2 ou 3 horas, ele chora ou precisa mamar”, afirma.

A privação do sono, em geral, já é um grande fator de risco, afirma Andrea Bacelar, neurologista e presidente da Associação Brasileira do Sono. “Aumentam exponencialmente as chances de problemas cerebrais, cardíacos e metabólicos”, diz.

Já com as mães recentes, o cenário é agravado, uma vez que a falta do sono acontece todas as noites. “Temos um ser que depende da mãe para viver, além disso, temos a inexperiência e a preocupação embutida nesse momento, associado a mudanças hormonais”, explica Bacelar.

Um dos perigos da falta de sono na mãe que está no período de amamentação é a falta de leite, uma vez que o leite materno é produzido durante o sono. “Essa mãe precisa dormir para produzir leite e alimentar o filho, se ela é privada do sono e não consegue suprir na produção de leite, vai acumular preocupações que também interferem negativamente no sono”, diz.

Bacelar também afirma que, apesar de existir a regeneração celular, que compensa as perdas, a privação de sono é acumulativa e não é possível recuperar o sono perdido.

No caso de mães, o mais recomendado é aproveitar os momentos em que o bebê está dormindo para conseguir garantir algumas horas de sono. O sono polifásico, aquele dividido em vários cochilos ao longo do dia, não é o ideal, explica a médica, mas é uma forma de a mãe garantir algumas horas de descanso.

Carina Sousa, psicóloga perinatal e criadora da página no Instagram Maternidade Pensante, afirma que é preciso atenção ao pós-parto. Dentro do consultório, ela diz que é comum ouvir das pacientes que não sabem o que está acontecendo com elas. “É um turbilhão de emoções e nem sempre o sono é o único problema, é o contato com o desconhecido, a amamentação, além de muitos sentimentos, tanto de alegria, quanto de tristeza”, diz.

O sono do bebê, a psicóloga lembra, é desregulado até os quatro primeiros meses de vida, quando o organismo passa a produzir a melatonina, o hormônio regulador do sono. Por isso, é recomendado que as mães encontrem redes de apoio para que consigam descansar nesse período.

Souza sugere, por exemplo, que enquanto o neném dorme, a mãe conte com a ajuda de algum familiar ou amigo, que possa cuidar das tarefas domésticas, para ela dormir. Além disso, é importante buscar apoio emocional, já que a maternidade é carregada de dúvidas e inseguranças. E, por fim, se conectar a um grupo de mães também é uma boa opção para que a mulher entenda que aquilo que ela está passando não é anormal.

 

da redação, com a Folha de S. Paulo

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