Três adolescentes bolivianas, duas de 16 anos e outra de 17, foram encontradas trabalhando em situação análoga à escravidão, ontem à tarde, em uma fábrica de roupas, em Bady Bassitt (SP), cidade a 450 km da capital paulista. Um empresário de 35 anos, também boliviano, foi preso.
Segundo a Polícia Federal de São José do Rio Preto, no interior paulista, o homem mantinha as adolescentes trancadas em uma pequena casa de fundos onde funcionava uma confecção de roupas. Elas não recebiam salário nem alimentação digna. Além disso, o local estava em condições precárias de higiene e segurança.
Imagens feitas pela Polícia Federal dão uma ideia de como as adolescentes viviam. No vídeo, é possível ver que a casa era pequena, suja e mal conservada. Diversas máquinas de costura estavam espalhadas pelos cômodos do imóvel e dividiam espaço com os colchões onde as bolivianas dormiam. Elas foram resgatadas depois que uma das jovens fugiu do imóvel e pediu ajuda no conselho tutelar.
Segundo o relato às conselheiras, as adolescentes, entre elas uma grávida, haviam sido trazidas da Bolívia para o Brasil pelo empresário com a promessa de um emprego assalariado. No entanto, quando chegaram a Bady Bassitt, teriam sido trancadas no imóvel onde funcionava a empresa de tecidos e proibidas de sair, sendo obrigadas a trabalhar por várias horas seguidas sem direito a descanso.
A adolescente relatou ainda que o empresário falava que não poderia liberá-las porque elas teriam que ressarcir com trabalho os gastos que ele teve com a passagem da Bolívia para o Brasil e os custos com alimentação e moradia.
Ainda segundo a PF, as meninas foram trazidas para o Brasil de forma irregular e não possuem autorização para permanecerem no país. Além das três adolescentes resgatadas, outras pessoas foram encontradas vivendo no imóvel, incluindo crianças. A polícia, agora, vai analisar a situação delas e se estão regulares no país.
O boliviano suspeito de comandar o esquema foi preso e encaminhado para a delegacia da Polícia Federal. Ele será investigado por crime análogo à escravidão, que prevê pena de dois a oito anos de reclusão, além de multa. Segundo a PF, ele ainda não tem defesa constituída.
As meninas estão sob os cuidados do conselho tutelar e deverão retornar para a Bolívia.
Veja o vídeo do local: