Em julho de 2017, a adolescente transexual Anna Sophia, de 16 anos, foi assassinada com vários tiros na Praça Bela, no bairro dos Funcionários II, em João Pessoa. O sargento reformado da Polícia Militar, Antônio Rêgo Sobrinho, confessou o crime e disse que “veio ao mundo para matar homossexuais”. Ele foi preso no dia 11 do mesmo mês pela Delegacia de Homicídios de João Pessoa.
Neste 13 de dezembro, 4 anos após o crime, Antônio Rêgo Sobrinho foi condenado a 16 anos e 9 meses de prisão em regime fechado e sem direito a recorrer em liberdade. O julgamento aconteceu no Fórum Afonso Campos.
Para Rosemere Rodrigues, mãe de Anna Sophia, o sentimento é de alivio. “Agora eu tenho paz. Sophia não volta, mas essa condenação foi um alívio. O recado que eu deixo para outras mães é que fiquem ao lado dos seus filhos, ajudem, cuidem e amem. Eu amo Sophia até hoje, por mais que ela não volte, meu amor continua”. Rosemere acompanhou o julgamento ao lado do outro filho e de um sobrinho.
De acordo com promotor do caso, Edmilson de Campos Leite, vivemos uma onda de intolerância e a expectativa é que essa condenação tenha também um caráter pedagógico. “Uma das funções da pena é demonstrar que esse tipo de crime não pode ficar impune. Infelizmente, o que aconteceu hoje é só uma pequena resposta de um crime que não pode mais ser restaurado. Esse não foi o primeiro caso, nem será o último”.
Ainda de acordo com o promotor Edmilson Campos, Antônio Rêgo Sobrinho cumprirá pena em regime fechado, sem direito a recorrer em liberdade a com progressão a partir de 2/5 da pena, ou seja, após 6 anos do início do cumprimento da pena.
A deputada estadual Estela Bezerra, que preside a CPI de Crimes de Ódio contra LGBTQIA+ da ALPB, acompanhou parte do julgamento. “Pessoalmente considero a pena pequena diante da gravidade do crime, por motivo torpe. O réu confesso executou a vítima pelas costas, sem chance de defesa, uma adolescente de apenas 16 anos, na frente dos amigos e amigas da mesma idade”.
Estela parabenizou o desempenho do promotor que descontruiu a tese da defesa, que alegava imputabilidade do acusado.
“O coração fica pesaroso, porque nada disso traz de volta Anna Sophia. Acompanhar a dor da mãe da família nos deixa preocupados. O irmão gêmeo de Sophia, hoje com 20 anos, não conseguiu voltar a estudar vive amedrontado. Espero que a CPI consiga acompanhar muitos desses casos, para que não haja impunidade”, finalizou a parlamentar.
da redação, com colaboração de Luciel Araújo