Em outubro de 2019, o engenheiro Rodrigo Marotti, hoje com 33 anos, teria trancado a ex-namorada Alessandra Vaz e a amiga dela Daniela Mousinho no banheiro da casa da artista plástica, no bairro de Mury, em Nova Friburgo, e ateado fogo no imóvel. Ele teria, inclusive, bloqueado a saída com um colchão em chamas para impedir a fuga delas.
As duas mulheres chegaram a ser retiradas do local com vida por vizinhos e conseguiram apontar Rodrigo Marotti como autor do crime, mas não resistiram aos ferimentos. Daniela morreu no dia seguinte e Alessandra dois dias depois, ambas com 80% dos corpos queimados.
Marotti, portanto, se tornou réu por duplo feminicídio. O engenheiro tentou fugir do local do crime, mas foi preso logo depois, em flagrante, e aguarda julgamento em uma unidade prisional no Rio de Janeiro.
Nesta terça-feira (8), começa o julgamento de Rodrigo Marotti, réu por duplo feminicídio.
Em entrevista, familiares das duas amigas dizem que esperam pena máxima para Marotti e que passaram os últimos dias anteriores com muita ansiedade em relação à sentença.
“Eram duas mulheres fortes, empoderadas, que tinham uma amizade recente, mas muito profunda”, diz a filha de Daniela, Luiza Mousinho, de 21 anos. Ela se conheciam há alguns anos, mas meses antes do crime começaram a trabalhar juntas e se aproximaram.
“Minha expectativa é que a justiça se cumpra e que seja sentenciado à pena máxima, porque ele não findou apenas duas vidas, ele arruinou diversas outras pessoas da família. Ele merece pagar por esse crime cada segundo da existência dele”.
Andresa Vaz, irmã de Alessandra, diz que a família espera a sentença para “virar a página”: “A família tem ansiedade. É difícil dormir, desligar. O coração fica bem apertado próximo ao julgamento”.
As duas passarão o dia acompanhando o júri popular, que começa às 10h30, na 1ª Vara Criminal de Nova Friburgo. “É muito doído, revoltante. Estarei na porta do Fórum mais cedo para protestar, me manifestar. E acredito que nossos esforços não serão em vão”, fala a jovem de 21 anos, filha de Alessandra.
Alessandra Vaz e Rodrigo Marotti passaram cerca de três anos juntos e estavam separados há pouco mais de um quando o crime aconteceu.
Andresa, irmã de Alessandra, conta que não acompanhou de perto a relação entre ela e Rodrigo porque viviam em cidades diferentes – Andresa em Poços de Caldas (MG) e Alessandra em Nova Friburgo (RJ). Mas conta que, pelo que a irmã dizia, ele era agressivo e nada carinhoso.
Famílias esperam que pena seja exemplo
Para a filha de Daniela e a irmã de Alessandra, uma sentença condenando Rodrigo Marotti à pena máxima fará justiça não só pelas vítimas dele, mas por outras mulheres vítimas de feminicídio no Brasil – o país é o quinto no ranking de morte de mulheres no mundo.
“A pena máxima será um recado para todos os homens de que as ações violentas que cometem contra as mulheres todos os dias não vão mais passar impunes. Não vamos mais ficar caladas”, afirma Andresa, irmã de Alessandra.
Se você vive em um relacionamento abusivo, procure ajuda! Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie. Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
com informações do UOL