Estudantes do ensino médio criam absorvente biodegradável que custa 0,02 centavos

By 28 de março de 2022Brasil, Lute como uma garota

Estudantes gaúchas do ensino médio desenvolveram um absorvente biodegradável com um custo de R$ 0,02. O projeto é um dos finalistas da Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), que terminou neste sábado (26). O protótipo foi desenvolvido com menos algodão, que foi substituído por dois resíduos da agroindústria: fibras da bananeira e do açaí. A ideia surgiu quando uma das alunas ficou sabendo que a própria mãe não teve acesso a absorventes na adolescência e que precisou recorrer a outros métodos durante seu ciclo menstrual.

Camily dos Santos e Laura Drebes, ambas de 18 anos, estudam no IFRS (Instituto Federal do Rio Grande do Sul), campus de Osório, cidade a 103km da capital Porto Alegre. Juntas, as estudantes pensaram em uma forma de ajudar mulheres em situação de vulnerabilidade, criando uma alternativa mais acessível para usar durante a menstruação.

Pobreza menstrual da mãe inspirou jovem

Camily contou que tudo começou quando teve uma conversa com a mãe sobre as alternativas ecológicas de absorventes higiênicos. Para a surpresa da jovem, a mulher revelou não ter tido acesso a absorventes convencionais na adolescência.

Essa foi a primeira vez que a estudante se deparou com o tema da pobreza menstrual, um problema que afeta milhares de mulheres ao redor do mundo.

“Jamais imaginaria que a questão estivesse tão próxima de mim. Assim, foi se formando a ideia da pesquisa. Comecei a me questionar se poderia haver um absorvente feminino que, além de ecológico, fosse acessível às mulheres em situação de vulnerabilidade. Procurei uma professora para contar sobre a minha ideia e convidá-la para ser orientadora e, nesse momento, Laura se juntou a nós, visto que ela já possuía experiência na área da pesquisa para o desenvolvimento de biofilmes”, explicou.

Laura Drebes vinha pesquisando e desenvolvendo um projeto envolvendo o aproveitamento de resíduos industriais para a elaboração de filmes plásticos biodegradáveis. Ao saber da ideia de Camily, resolveu integrar a equipe.

O projeto consistia em confeccionar um produto formado por diferentes camadas. A pesquisa buscou substitutos do algodão para a camada absorvente. Nessa etapa, as estudantes verificaram que fibras vegetais são boas substâncias de absorção e que, para baratear ainda mais, poderiam usar materiais disponíveis na região.

As fibras do pseudocaule da bananeira —parte da árvore que é retirada após a colheita dos cachos de banana— e as fibras do açaí de juçara —parte que sobra do processo de obtenção da polpa do açaí— foram as escolhidas. “Para a camada debiofilme que substitui o plástico, testamos os subprodutos provenientes do processamento de fármacos da indústria nutracêutica [substância considerada alimento que pode ter benefícios médicos e de saúde]. Por último, confeccionamos o nosso invólucro de tecido disponibilizado por costureiras da nossa região. Para selecionar o tecido mais adequado, testamos 13 tipos diferentes “, continuou Camily.

Na camada absorvente composta por fibras vegetais para substituir o algodão, os testes de capacidade absortiva verificaram uma eficiência 60% maior do que os produtos já comercializados.

com informações do portal O Sul

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