Tragédia em Porto de Galinhas: menina é assassinada e gera revolta popular

By 1 de abril de 2022Brasil, Justiça

Porto de Galinhas. Balneário badalado, com águas cristalinas, recebe turistas do Brasil e do mundo. Um lugar paradisíaco, localizado no município de Ipojuca, em Pernambuco, que desde a última quarta-feira (30) vive em estado de tensão e violência.

Heloysa Gabrielle, de apenas 6 anos, brincava na frente da casa da avó no final da tarde da quarta-feira. Moradora da Comunidade Salinas, longe dos turistas, das águas claras e da badalação, Heloysa foi atingida com um tiro no peito. O tiro foi disparado pela polícia.

Na versão da Polícia Civil, a menina morreu após ser atingida numa troca de tiros entre policiais do BOPE com suspeitos de envolvimento no tráfico de drogas na comunidade. O pai da menina negou a versão. Segundo ele, que estava no momento em que Heloysa Gabrielly foi atingida, os policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) já “desceram atirando”, e que não viu outro grupo revidar.

Enterro da menina Heloysa

“Minha menina brincava de bicicleta na rua, e eles já desceram atirando. A vizinha disse que ela foi atingida. Peguei minha menina no braço, que já estava virando os olhos, e disse [ao policial] ‘seu filho da p***, você matou minha filha. Me jogaram na viatura para socorre-la para o hospital, e diziam: ‘vocês não viram que eles atiraram?’, e eu dizia que não vi nada”, disse o homem, abalado.

O fato desencadeou uma revolta popular. Moradores de Salinas realizaram um protesto contra os policiais, interditando a principal via de acesso à Praia de Porto de Galinhas e ateando fogo na pista. Cerca de 20 viaturas policiais estiveram no local, além do Corpo de Bombeiros, para a ocorrência.

O governo de Pernambuco enviou cerca de 250 policias civis e militares para reforçar a segurança no balneário. Ao longo da quinta-feira, lojas, padarias e supermercados não abriram as portas e ruas e avenidas foram bloqueadas com entulhos, galhos e fogo. A Escola Amara Josefa da Silva, onde Heloísa estudava, cancelou as aulas e colegas de trabalho do pai da menina, que é jangadeiro, não realizaram passeios pelas piscinas naturais de Porto de Galinhas.

Por volta das 19h da quinta (31), um ônibus que fazia o transporte de funcionários de hotéis foi incendiado na PE-09, sentido Recife, próximo ao posto do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv). O Corpo de Bombeiros foi acionado e apagou as chamas, informando que ninguém ficou ferido.

Em nota, enviada na madrugada desta sexta-feira (1º), o governador Paulo Câmara (PSB) disse que monitorou os protestos em Porto de Galinhas durante todo a quinta e que se solidariza com a família da menina, Heloísa. O governador disse, ainda, que o caso “será apurado com o máximo rigor”.

Mais uma bala “perdida” que acerta o mesmo alvo: uma criança de periferia.

Com informações do g1/PE e portal Jc.ne

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