Uma criança caiu no rio e está desaparecida. Caso foi denunciado em ofício às autoridades competentes
Assassinato, estupro e sequestro. Os três atos fizeram parte de um ataque de garimpeiros à comunidade Arakaça, localizada no estado de Roraima, na maior reserva indígena do país, a Terra Yanomami, nessa segunda-feira (25).
Os invasores assassinaram uma adolescente, de apenas 12 anos. Antes da morte, a garota sofreu um estupro coletivo. O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Yek’wana (Condisi-YY), Júnior Hekurari, relatou o caos causado pelo ataque.
Conforme Hekurari, há uma criança de 4 anos desaparecida. A menina e a mãe foram alvos de uma tentativa de sequestro. A mulher conseguiu se salvar, mas a criança caiu do barco no Rio Uraricoera e os Yanomami ainda não têm notícias sobre ela.
“A adolescente era sobrinha dessa mulher que estava com a criança. Elas estavam na comunidade quando os invasores arrastaram elas. Foi violência!”, disse.
‘Jogaram a mãe e a criança no Rio’
Ainda de acordo com Hekurari, após ser arremessada do barco, a mãe conseguiu nadar e se salvar.
“Eles também jogaram a mãe e a criança no Rio. A mãe conseguiu nadar, mas a criança está desaparecida no Rio. Nós estamos indo à região que é de difícil acesso para prestar apoio aos moradores”, relatou.
O caso também encaminhado via em ofício ao Distrito de Saúde Indígena, à Secretaria Especial de Saúde Indígena, à Funai, à Polícia Federal e ao procurador da República, Alisson Marugal.
O presidente do Condisi-YY criticou a omissão do Governo Federal diante da invasão garimpeira na região. Para Júnior, a situação representa a extinção do povo Yanomami.
“A Polícia Federal já está sabendo, o Exército já está sabendo. Nós já fizemos de tudo, denunciamos, fizemos relatório com o clamor das comunidades e o Governo tem sido muito negligente com os Yanomami. Eles são omissos e irresponsáveis e até agora não fizeram absolutamente nada para proteger a população. Os Yanomami estão sendo extintos pelos garimpeiros. Os invasores entram nas comunidades, ameaçam, estupram as mulheres e matam as crianças. É lamentável!”.
Terra Yanomami
Os moradores da Terra Yamomami sofrem com o avanço da destruição garimpeira na região. Conforme relatório da Associação Hutukara Yanomami, em 2021 o garimpo ilegal avançou 46% comparado a 2020.
Além disso, em 2021, houve um crescimento de 30% em relação ao período anterior. De 2016 a 2020, o garimpo na Terra Yanomami cresceu 3.350%.
O relatório mostrou ainda que o número de comunidades afetadas diretamente pela atividade ilegal chega a 273. De acordo com o documento, 16 mil pessoas moram nesses locais, ou seja, 56% da população total é prejudicada.
Ao todo, há 350 comunidades indígenas na Terra Indígena, com uma população de aproximadamente 29 mil pessoas.
Funai, Governo Federal e Exército
A Fundação Nacional do Índio, Governo Federal, Exército Brasileiro ainda não se pronunciaram sobre o caso.