Um menino de 7 anos buscou ajuda na delegacia de Acrelândia, interior do Acre, ao ver a mãe sendo agredida pelo pai, o médico Cássio Patrick Barbosa, de 40 anos. O médico foi preso em flagrante pela Polícia Militar no último sábado (23) após as agressões.
A advogada do médico, Renata Peixoto, disse que o cliente se declara inocente. “O acusado se declara inocente e, em que pese a decretação da prisão preventiva, a defesa irá adotar todas as medidas judicias cabíveis a fim de comprovar a inocência do Sr. Cássio Patrick Barbosa.”
Essa foi a segunda vez, em menos de cinco meses, que o médico é flagranteado por violência doméstica. Além desses processos, o profissional já teria sido investigado por outros crimes.
O médico chegou a passar por audiência de custódia nesta segunda-feira (25) e a Justiça optou por manter a prisão preventiva.
O delegado responsável pelo caso, Dione dos Anjos, disse que a criança saiu chorando na rua desesperada, após presenciar as agressões, e populares a levaram até a delegacia. A equipe plantonista pediu ajuda à Polícia Militar, que mandou uma guarnição até a residência do casal.
“Encontraram a vítima com pouca roupa na rua, enrolada em uma toalha, ele veio também atrás, alterado, totalmente descontrolado e acabou sendo detido pela Polícia Militar. Foi feito o procedimento por violência doméstica, pedido medida protetiva e também por colocar em risco à vida da criança”, explicou.
O delegado falou ainda que recebeu uma denúncia de que o médico dava bebida alcoólica para o filho do casal. “Ele [criança] correu para a delegacia dizendo que o pai estava matando a mãe dele. Os outros filhos são adultos e não são [fruto] desse casamento”, complementou.
Em junho de 2021 a Prefeitura de Acrelândia designou o profissional para atender a população na Unidade Básica de Saúde (UBS) João Damasceno. A Secretaria de Saúde do município afirmou que o profissional foi contratado para atuar como clínico geral e ocupar uma vaga do Programa Mais Médicos na unidade.
Além desse contrato, Barbosa também atende pacientes na Unidade Mista de Acrelândia.
“A gente é contra esse tipo de atitude, não nos posicionamos a favor, mas sim a favor da Justiça, do que é certo. Não podemos dizer nada no momento porque precisamos oficializar ao Ministério da Saúde e estamos aguardando um documento da Justiça. Vou procurar a delegacia para entender a situação”, explicou o secretário de saúde, Vitor Martineli.
Crises de ciúmes
Ainda segundo a polícia, essa é a terceira vez que a vítima é agredida pelo médico. Nos outros episódios, conforme o delegado, a mulher perdoou e aceitou o companheiro de volta.
“A mãe e o pai dela são casados há muitos anos e tinha esse sonho, então, perdoou, voltou e acabou passando por isso”, lamentou Anjos.
As agressões são motivadas por ciúmes, de acordo com o delegado. “É um ciúme absurdo”, concluiu.
O Conselho Regional de Medicina (CRM-AC) informou que o ato não foi praticado no exercício da profissão e, portanto, não vai se manifestar sobre o caso.
do g1/Acre