Ao longo da última década (2012 a 2021), 583.156 pessoas foram vítimas de estupro e estupro de vulnerável no Brasil, segundo os registros policiais. Apenas no último ano, 66.020 boletins de ocorrência de estupro e estupro de vulnerável foram registrados no Brasil, taxa de 30,9 por 100 mil e crescimento de 4,2% em relação ao ano anterior. Estes dados correspondem ao total de vítimas que denunciaram o caso em uma delegacia de polícia e, portanto, a subnotificação é significativa.
No Brasil, os números monitorados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que a maioria das vítimas é vulnerável, o que, segundo a legislação, inclui crianças menores de 14 anos e/ou pessoas adultas incapazes de consentir, o que torna sua apuração ainda mais difícil.
Em relação ao perfil, o padrão segue: mulheres representam 88,2% das vítimas, sendo a maioria em todas as faixas etárias. Já as vítimas do sexo masculino são, majoritariamente, crianças. Sobre o perfil étnico racial, 52,2% das vítimas eram negras, 46,9% brancas, e amarelos e indígenas somaram pouco menos de 1%.
Os dados são do Anuário de Segurança Pública, divulgado na última semana, apontam um dado ainda mais assustador: a idade das vítimas.
De acordo com os números notificados e em termos de distribuição etária, o grupo que conta o maior percentual é o de 10 a 13 anos, seguido das crianças de 5 a 9 anos. No caso de crianças de 0 a 4 anos, os números são chocantes: representam o 4º lugar.
Diferente do imaginário social da população, a violência sexual no Brasil é, na maioria das vezes, um crime perpetrado por algum conhecido da vítima, parente, colega ou mesmo o parceiro íntimo: 8 em cada 10 casos registrados no ano passado foram de autoria de um conhecido. O fato de o autor ser conhecido da vítima dá uma camada a mais de violência e de complexidade ao crime cometido: a denúncia se torna um desafio ainda maior para as vítimas.
Em caso de denúncia contra abuso e violência contra crianças e adolescente, acione o Conselho Tutelar. Você também pode denunciar pelo Disque 100 ou acionar o 190 em caso de urgência.
da redação, com informações do Anuário de Segurança Pública 2022, disponível aqui: 11-anuario-2022-uma-decada-e-mais-de-meio-milhao-de-vitimas-de-violencia-sexual