O juiz André Ricardo de Francisco Ramos, da 28ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, recebeu a denúncia do Ministério Público do Rio contra o empresário Igor Monteiro Simão, pelo crime de importunação sexual. De acordo com o promotor Marcos Kac, da 1ª Promotoria de Investigação Penal Territorial da área Zona Sul e Barra da Tijuca, o rapaz de forma livre e consciente, com o objetivo de satisfazer a própria lascívia, praticou ato libidinoso contra uma adolescente de 14 anos em um bar da cobertura do Hotel Fasano, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, no último dia 30.
Na denúncia, o promotor afirma que, de acordo com as investigações da 12ª DP (Copacabana), a vítima e sua amiga, da mesma idade, estavam na cobertura quando Igor, aparentando estar embriagado, sentou-se à mesa onde as adolescentes estavam e colocou as mãos em sua coxa, começando a puxar conversa. A menina, constrangida, teria se movido do lugar e informado ao empresário que elas eram menores de idade.
Ainda segundo a denúncia, Igor passou a se insinuar para as duas adolescentes, falando com o rosto cada vez mais próximo da vítima, como se pretendesse beijá-la. Nesse momento, ao ver a conduta do empresário, um garçom do hotel foi adverti-lo, e ele o teria ameaçando dizendo: “Você sabe quem eu sou?”. Em seguida, o rapaz passa a empurrar o funcionário, sendo apoiado por outro homem, que também estava bêbado.
“Por se tratar de infração penal praticada contra mulher por razões de condição de sexo feminino, entende o Ministério Público que a propositura de acordo de não persecução penal não seria suficiente para reprovação e prevenção do crime, por isso, recusa-se a propor o acordo ao denunciado (…)”, destacou o promotor.
Igor aparece nas imagens das câmeras de segurança do Fasano de bermuda, sem camisa e descalço se aproximando e colocando as mãos na coxa da menina, na noite do dia 30. No vídeo, ele, às 22h05, é exibido sentando em um sofá ao lado das adolescentes. O empresário conversa e gesticula e as meninas chegam a olhar para trás. Cerca de três minutos depois, o funcionário do hotel aparece nas imagens tentando afastá-lo do local.
No depoimento prestado pela vítima, na 12ª DP, ela contou que Igor estava bêbado quando se sentou ao seu lado. A adolescente relatou que moveu as pernas para se desvencilhar e afirmou ter dito a ele que é menor de idade. O rapaz, no entanto, teria continuado com as insinuações, “falando com o rosto cada vez mais próximo”, “como se pretendesse beijar as amigas” e elogiando serem “muito bonitas”.
Em certo momento, contou a menina, o empresário perguntou se poderia ficar mais perto delas, embora já estivesse bem próximo. Segundo a vítima, ao perceber a situação, um garçom advertiu Igor, que o empurrou e ameaçou com as seguintes palavras: “Você sabe quem eu sou?”. O rapaz é filho de um dos 67 cotistas — uma espécie de investidor com regalias — do Hotel Fasano. Também na delegacia, a adolescente afirmou que aproveitou a intervenção para deixar o local. Ao chegar no quarto onde estavam hospedadas, sob cuidados do pai de sua amiga, um empresário paulista, ambas relataram o ocorrido. A polícia foi acionada na sequência.
Segundo o registro de ocorrência, inspetores estiveram no local por volta das 23h50. Apuraram que o suspeito estava na condição de convidado e podia usufruir dos serviços da cobertura — piscina e bar. Igor, no entanto, não foi encontrado no hotel. Policiais militares foram até o condomínio onde ele mora, no Recreio, na Zona Oeste do Rio, e aguardaram para prendê-lo em flagrante. Acreditam, no entanto, que ele fugiu em uma BMW que deixou o local por volta das 5h40.
A delegada Débora Rodrigues, da 12ª DP, pediu a prisão preventiva do empresário pela “garantia da ordem pública”, justificando que ele “atrapalhou as diligências na demora da entrega das imagens, as quais “estão com falhas”. O Ministério Público, no entanto, se manifestou contrário à medida. A promotora Luciana Gouvêa argumentou que, como as vítimas moram em outro estado, é “improvável” que o indiciado “exerça algum tipo de influência”. Ela foi a favor do pedido para que ele seja impedido de deixar o país. A juíza Luciana Halbritter acolheu a argumentação e indeferiu o pedido de prisão.
O Fasano Rio afirmou que “agiu com firmeza e dentro dos limites da lei para coibir atitudes inoportunas de um cliente” e que “um funcionário pediu reiteradas vezes para que o cliente deixasse o hotel, não sendo atendido”. Disse ainda que “o cliente chegou a ameaçar o funcionário e a agredi-lo fisicamente”. Em nota, o hotel afirmou que “cedeu as imagens tão logo foram solicitadas por autoridade competente” e acrescenta que elas “são claras e mostram que o cliente que teve atitudes inoportunas jamais foi protegido ou ajudado por funcionários do hotel”.
com informações do Globo